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São Paulo — Um dos empresários que deram carona em um jatinho particular ao secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Guilherme Derrite, tem contratos com o governo paulista.

No início deste mês, Derrite voou de Brasília para São Paulo no avião operado pelas empresas Farm Empreendimentos Imobiliários, de José Romano Netto, conhecido como Zeca Romano, e G5K Participações, de Sérgio Comolatti, conforme revelou a revista Piauí.

Zeca Romano é um empresário com atuação em diversas áreas que se cruzam com o setor público. Ele consta, por exemplo, como membro do conselho de administração da Mondopass S.A., que tem participação na Autopass, a responsável pela bilhetagem do transporte público na Grande São Paulo.

A empresa é contratada indiretamente, por meio de uma associação da qual fazem parte o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que até gerou questionamentos por parte do Tribunal de Contas do Estado (TCE), por falta de licitação.

Nos últimos quatro anos, a Autopass movimentou quase R$ 5 bilhões exclusivamente a partir das receitas das tarifas de transporte público, por meio do cartão TOP. A empresa também consta como recebedora de valores menores em quatro secretarias estaduais neste ano.

A Mondopass ainda é sócia da Via Nova Serviços, que atua no setor de benefícios como vale-transporte. Neste ano, a Via Nova recebeu R$ 9 milhões em pagamentos do governo, feitos por várias pastas, incluindo alguns milhares de reais vindos da Segurança Pública, a pasta de Derrite, segundo dados da Secretaria da Fazenda estadual.

Além disso, Zeca Romano é um dos sócios da Diastur Turismo, que presta serviço de transporte escolar para a Secretaria de Estado da Educação. O Metrópoles apurou que há quase R$ 15 milhões em empenhos à empresa, desde 2021, no site da transparência do governo paulista.

Sérgio Comolatti, o outro sócio de empresa que opera o avião, por sua vez, é proprietário de um conglomerado de empresas do setor automotivo, algumas das quais já chegaram a ser fornecedoras de pneus e viaturas para a polícia paulista em outras gestões. A reportagem não identificou contratos dele com o governo Tarcísio de Freitas.

Adversários

A revelação do voo acontece em momento que Derrite se vê alvo de questionamentos por causa de abusos em série da Polícia Militar (PM), entre os quais está o caso de um agente que jogou de uma ponte um homem rendido.

A carona a Derrite no avião das empresas gerou reação entre adversários políticos na Assembleia Legislativa (Alesp). O líder da oposição, deputado Paulo Fiorilo (PT), enviou representação ao procurador-geral de Justiça, Paulo Sergio de Oliveira e Costa, cobrando uma investigação do caso.

A reportagem da Piauí também mostrou que Zeca Romano e a esposa, que estava grávida, voaram em um helicóptero da PM até um hospital, um dos motivos do questionamento da oposição.

“É imprescindível que a apuração investigativa seja ampla e transparente, incluindo a verificação de eventuais prejuízos ao erário público, além da análise do impacto dessas ações na confiança pública nas instituições que compõem o sistema de segurança estadual”, diz a representação de Fiorilo.

O que diz Derrite

O secretário Derrite, por meio da Secretaria da Segurança Pública, afirmou que “os deslocamentos do secretário em compromissos oficiais seguem os requisitos exigidos pela legislação”.

“O uso de aeronave particular não configura irregularidade. Em relação aos deslocamentos particulares, as viagens do secretário são de caráter privado, custeadas sem uso de verba pública. Em todos os casos, não há conflito com o interesse público”, afirma a SSP, em nota.

A reportagem procurou, mas não localizou José Romano Netto para comentar o assunto. A Autopass também foi procurada por e-mail, mas não respondeu. O espaço segue aberto para manifestações. Com Metrópoles.

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