O Islamismo é a religião fundada por Maomé (Muhammad, em árabe), e seus adeptos, os muçulmanos, quem pratica o Islã, submetem-se a Alá, o Deus único e verdadeiro, todo poderoso, absoluto e misericordioso. Mais do que uma religião, o Islamismo é um projeto de organização da sociedade. O marco inicial do Islamismo se dá pela figura de Maomé, profeta que teria recebido do anjo Gabriel os princípios básicos que norteiam a fé islâmica.  

Maomé nasceu em Meca, na Arábia, na tribo Coraixita, por volta do ano 570, e trabalhou como mercador. À medida que crescia e ampliava seus conhecimentos, Maomé passou a questionar as práticas religiosas. Descontente com o politeísmo, animismo, idolatria, imoralidade nas assembleias, consumo excessivo de bebidas, práticas de jogos e danças, sepultamento de crianças ainda vivas, indesejadas por serem do sexo feminino, costumava-se dirigir a uma caverna para meditar. 

De acordo com a tradição, aos 40 anos, estando nesse local de recolhimento, Maomé recebeu do anjo Gabriel a missão de transmitir a boa-nova e prevenir seu povo contra a idolatria, ajudando-o a encontrar o verdadeiro Deus. Como sua pregação contrariava as crenças tradicionais das tribos semitas que habitavam a região, Maomé foi obrigado a fugir para Medina juntamente com seus seguidores. Essa migração, ocorrida em 16 de julho do ano de 622, que ficou conhecida como Hégira, marca o início do calendário muçulmano.  

Segundo o Estudioso das religiões Claudio Blanc (2021), em Medina, Maomé estabeleceu a paz com as tribos árabes que lutavam contra os judeus e passou a dirigir os seus esforços para conquistar a cidade de Meca. Essa cidade abrigava a Caaba, um templo de forma cúbica no qual, antes de Maomé, as tribos árabes guardavam os seus ídolos. Quando conseguiu conquistar Meca, em 630, o Profeta logo tratou de destruir todos os ídolos, mas preservou a Caaba. 

Meca era particularmente importante para Maomé, porque segundo lhe havia relevado por Deus, a Caaba fora construída por ordem divina pelo profeta Abrão e seu filho Ismael. A Caaba abrigava a Pedra Negra, objeto mais sagrado do Islã, que o anjo Gabriel havia dado a Ismael. É por isso que, desde o ano de 624, todo crente muçulmano deve fazer suas orações com o corpo voltado para Meca. Mas, para cumprir a vontade de Deus, era preciso tirar do templo as imagens dos ídolos pagãos, restaurando assim o seu significado.  

As profecias de Maomé foram organizadas no Alcorão (ou Corão), que quer dizer “recitação, o livro sagrado do Islamismo, e, segundo Maomé, foi revelado pelo próprio Alá, por meio do Anjo Gabriel. Divide-se em 114 capítulos ou suras, subdividido em versículos. Nele está contido o mistério do Deus-Uno e a história de sua revelação desde Adão até Maomé, passando por Abraão, Moisés e Jesus. Traz também prescrições culturais, morais, sociais, jurídicas e estéticas que todo muçulmano deve seguir. 

Os muçulmanos defendem que Maomé foi o mensageiro final do Islã, ou seja, não o único, mas o último de uma sucessão de mensageiros que foram enviados por Deus. A fé islâmica não desconsidera outros nomes, inclusive o de Jesus Cristo, a quem consideram simplesmente como um profeta. No que se refere a Maomé, ele foi quem trouxe a profecia final, isto é, através dele Deus completou sua mensagem à humanidade. Os princípios mais importantes do Islamismo são: a fé, a oração, o jejum e a peregrinação a Meca. Os símbolos do Islamismo são: a lua crescente com a estrela, que representava o império otomano e o hamsá, palavra que significa cinco em árabe, representa igualmente os cinco pilares da fé islâmica. Segundo a religião islâmica, Maomé foi precedido em seu papel de profeta por Jesus, Moisés, Davi, Jacó, Isaac, Ismael e Abraão.  

As mulheres muçulmanas devem observar os cinco pilares do Islã, incluindo orar cinco vezes por dia, jejuar durante o mês do Ramadã e, como qualquer muçulmano que seja fisicamente e financeiramente capaz, fazer pelo menos uma vez na vida, a peregrinação à Meca. O Alcorão estabelece o equilíbrio entre o homem e a mulher, nunca preterindo um em detrimento do outro. A base da religião muçulmana não determina, realmente, qualquer tipo de discriminação grave contra a mulher. No entanto, as intepretações radicais das escrituras deram origem a casos brutais. 

No Islã, os laços familiares são extremamente importantes. Os pais desempenham um papel importante na escolha do futuro esposo da filha, consentindo a união para que esta possa se concretizar. Escolhido o noivo, há uma cerimônia de apresentação. Se as duas partes concordam, o casamento é marcado. No ato da assinatura do contrato de casamento, o noivo entrega espontaneamente o dote à noiva. O dote não tem outra finalidade senão materializar o respeito do noivo pela esposa.  

 Luís Lemos é filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente, Editora Viseu, 2021.  

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