No último artigo de nossa série “As grandes religiões do mundo” abordaremos as religiões que possuem poucos fiéis declarados. No entanto, alertamos que com a globalização, este número é influenciado principalmente pelo tamanho da população dos países onde essas religiões são praticadas. Exemplo disso é o Sikhismo e a Religião Tradicional Chinesa, que juntas somam quase 10% da população mundial. 

Embora pouco difundido, o Sikhismo é a sexta maior religião do mundo. De doutrina monoteísta, foi fundada no século 16 pelo Guru Nanak e se baseia em seus ensinamentos. O Guru Nanak viajou por muitos lugares ensinando a mensagem do Deus único que vive em cada uma de suas criações e constitui a verdade eterna. Ele assentou as bases para uma plataforma espiritual, social e política baseada na igualdade, no amor fraterno, na bondade e na virtude. O Sikhismo nasceu na província de Punjab, na Índia, e grande parte de seus seguidores ainda vivem na região.  

Com mais de 400 milhões de praticantes, a Religião Tradicional da China congrega cerca de 6% da população mundial. Composta por um conjunto de tradições étnicas e religiosas da China, apresenta duas vertentes: uma baseada no Ying e Yang e outra de culto aos Shens, diferentes divindades que podem ser naturais, semideuses ou ancestrais. Os adeptos da Religião Tradicional Chinesa misturam credos e práticas de diferentes doutrinas, como o Confucionismo, o Taoísmo, o Budismo e outras religiões menores.  

O Espiritismo não é propriamente uma religião e sim uma doutrina religiosa de cunho filosófico e científico, cuja principal crença gira em torno da constante evolução espiritual do ser humano, através das reencarnações. A sobrevivência do espírito após a morte e a reencarnação são as bases dessa doutrina, que surgiu na França e se expandiu pelo mundo a partir da publicação de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.  

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, é no Brasil que se encontra a maior comunidade espírita do mundo: 1,3% da população do país é espírita. Na doutrina espírita, Deus é a Inteligência Suprema e o objetivo da vida humana é a evolução, a ampliação de sua consciência através da aquisição de conhecimentos. 

Outro dado interessante revelado pelo IBGE de 2010, foi a identificação de um grande número de pessoas que se declararam como não-religiosas. Por isso, elas foram catalogadas no grupo ateismo/agnóstico. O ateísmo é uma linha de pensamento que não acredita na existência de qualquer deus ou na vida após a morte. Para os ateus, todos os “milagres” apresentam uma explicação científica. O princípio básico do ateísmo é o ceticismo, isto é, o questionamento do princípio básico de toda religião: a crença no divino. 

Em suma, todas as religiões do mundo podem ser classificadas em três diferentes grupos: a) as religiões politeístas: sistema religioso que possibilita a crença em mais de um deus; b) as religiões monoteístas: sistema religioso que possibilita a crença em apenas um deus; c) as religiões panteístas: sistema religioso que afirma que a força da natureza é a manifestação de uma divindade em si. Baseia-se, portanto, na crença em espíritos da natureza.  

No Brasil, a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, Inciso VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias. Essa causa pétrea favoreceu a abertura de espaços de culto em muitos lugares, no campo e nas cidades, e de muitas crenças diferentes.  

Por fim, como a religiosidade é inerente ao ser humano, ou seja, todo ser humano sempre ligou sua existência a um ser superior, a quem presta culto, eu também tenho uma religião, sou cristão católico e provavelmente você também tem a sua, ou não. O importante é o respeito que se deve ter pela crença do outro, pois todas as religiões do mundo devem ser respeitadas! 

Luís Lemos é filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente, Editora Viseu, 2021.  

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