O avião que caiu em Vinhedo na última sexta-feira (09) teve dano estrutural e teve de passar por manutenção meses antes do acidente, em março. Foram relatados problemas no sistema hidráulico, contato anormal com a pista e falha no funcionamento do ar-condicionado, segundo dados apresentados pelo Fantástico neste domingo (11).

No dia 11 de março, após o modelo ATR-72-500 voar entre Recife e Salvador, foi verificado “baixo nível de óleo hidráulico”.

Depois desse episódio, o avião ficou parado por 17 dias em Salvador, quando foi liberada em 28 de março para conserto na oficina da Voepass em Ribeiro Preto (SP). Depois de três meses, a aeronave voltou a voar comercialmente, e sofreu uma despressurização em um voo sem passageiros.

A aeronave voltou a ficar parada para novos reparos, até retornar os voos, pela última vez, em 13 de julho. A jornalista Daniel Arbex, segundo O Globo, verificou passageiros passando mal durante uma viagem.

“Ainda não sabemos o que motivou a queda de um modelo idêntico ao que voei ontem. Mas como uma aeronave opera nessas condições? Em outro evento que participei, no Paraná, pedi ao contratante para comprar outro voo, porque não queria ir nessa aeronave. O contratante atendeu ao meu pedido”, disse.

Especialista

O comandante Ruy Guardiola, pioneiro na utilização do ATR no país, afirmou que um mproblema hidráulico causaria isso e é um fato altamente significativo.

“Teve dano estrutural. Que tipo de correção foi efetuada pelo grupo VoePass na sua manutenção, para disponibilizar a aeronave a voo?”, questionou o especialista.

A manutenção, aliás, é uma preocupação de Guardiola, que voou 15 mil horas em ATR e chegou a trabalhar por um mês na Passaredo, em 2019. Ele lembra que houve um problema exatamente no botão que aciona o sistema antigelo.

“O problema foi detectado no nível de aquecimento de um dos sistemas. A solução encontrada pela manutenção foi a colocação de um palito de fósforo, ou sei lá, um palito de dente. Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, garante.

O que diz a Voepass

O Fantástico questionou a Voepass Linhas Aéreas sobre as ocorrências que colocaram a aeronave em manutenções antes do acidente. A empresa respondeu que informações relacionadas à investigação serão restritas à Aeronáutica e outras autoridades.

A empresa não respondeu sobre o que disse à nossa reportagem um dos mais experientes pilotos de ATR do Brasil, que uma espécie de palito foi improvisado numa manutenção.

Sobre o dispositivo antigelo e o ar condicionado, a companhia afirmou que o ATR estava “aeronavegável”, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo requisitos e exigências das autoridades.

A Voepass disse que cumpre e respeita as legislações trabalhistas, e que o esforço principal da companhia, neste momento de dor, está em apoiar e dar assistência às famílias dos passageiros e tripulantes que estavam a bordo.

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