A sessão desta terça-feira (10) na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) foi marcada por uma intensa troca de acusações entre os deputados estaduais Daniel Almeida (Avante) e Felipe Souza (PRD). O embate teve como tema central críticas ao governador Wilson Lima (União) e ao prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), irmão de Daniel Almeida, e culminou em declarações polêmicas e um momento de tensão envolvendo a presidência da sessão, conduzida pela deputada Alessandra Campelo (Podemos).
Daniel Almeida usou a tribuna para expor um caso de tentativa de homicídio ocorrido na UPA José Rodrigues, na zona Norte de Manaus, administrada pelo governo estadual. O parlamentar aproveitou a oportunidade para comparar o atendimento oferecido pelo estado e pela prefeitura, criticando a gestão estadual.
O líder do governo na ALE-AM, Felipe Souza, reagiu às críticas e pediu a palavra, mas foi interrompido por Daniel Almeida, que acusou o governador Wilson Lima de não cumprir acordos feitos com a prefeitura de Manaus. “Nós cumprimos nossos acordos, nunca traímos ninguém, e nós não temos nenhuma propensão para ser Judas traidor como o governador Wilson Lima tem se mostrado,” disparou Almeida.
Felipe Souza rebateu as acusações e mencionou uma matéria publicada em 2020 que, segundo ele, vinculava o prefeito de Manaus, David Almeida, a facções criminosas. “Em 2020, quem foi acusado de ter ligação com o Comando Vermelho foi o seu irmão, o prefeito de Manaus,” afirmou Souza, relembrando também o apoio do governador Wilson Lima à candidatura de David Almeida nas eleições de 2020.
O clima esquentou ainda mais quando Felipe Souza mencionou a quantia de R$ 900 milhões repassada pelo governo estadual para a prefeitura, questionando a prestação de contas desses recursos. “Quem passou o dinheiro foi o governo, cadê a prestação de contas desse recurso?”, provocou o líder do governo. Daniel Almeida se irritou com o uso constante da expressão “seu irmão” para se referir ao prefeito e retrucou: “Refira-se a ele como prefeito!”
Souza continuou com as críticas, mencionando o viaduto Rei Pelé, obra realizada com recursos do governo estadual e que, segundo ele, foi mal executada. “O viaduto Rei Pelé deveria se chamar Viaduto Saci,” ironizou Souza, referindo-se à má aplicação de recursos.
A situação atingiu o ápice quando Felipe Souza sugeriu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o uso dos R$ 900 milhões repassados para a prefeitura. Daniel Almeida, em resposta, ironizou a sugestão mencionando a CPI da Cema, referindo-se a problemas na gestão de recursos da Central de Medicamentos do Amazonas (Cema).
O bate-boca entre os dois parlamentares escalou, com ambos falando ao mesmo tempo até que Daniel Almeida gritou repetidamente: “Cale-se! Cale-se!” Felipe Souza respondeu: “Venha me calar!”, e a discussão seguiu de forma acalorada, forçando a presidente da sessão, Alessandra Campelo, a cortar os microfones dos deputados e exigir respeito.
Daniel Almeida, no entanto, redirecionou suas críticas para a própria presidente, Alessandra Campelo, acusando-a de se vitimizar por ser mulher. Ele ainda sugeriu a criação de um prêmio “Cara de Pau” para os deputados que defendem o governo, antes de deixar a sessão sem ouvir as respostas dos seus adversários.
No final da sessão, Alessandra Campelo acusou Daniel de ter convidado Felipe Souza para uma briga física no plenário, o que foi confirmado pelo líder do governo. “O deputado me chamou pra porrada no plenário desta casa, a que nível chegamos,” declarou Souza, que anunciou que levará o caso ao Conselho de Ética da ALE-AM.
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