A Blip — que ajuda empresas a conversarem com seus clientes em canais digitais — acaba de levantar US$ 60 milhões numa rodada liderada pelo Softbank e que teve a participação do fundo de corporate venture capital da Microsoft.
A Série C vem dois anos depois da startup ter levantado sua última captação, quando o Warburg Pincus injetou US$ 70 milhões na companhia.
O valuation da rodada não foi revelado.
O investimento do Softbank foi feito pela estrutura da América Latina da companhia japonesa — que já investiu US$ 8 bilhões no Brasil, México, Colômbia, Argentina e Chile. Desde 2022, os dois fundos que a empresa tem na América Latina têm acesso a um bolo de recursos maior, fazendo parte da estrutura que a empresa chama internamente de ‘One SoftBank’.
“A gente chegou no breakeven já no ano passado, então não estamos fazendo essa rodada porque precisamos do dinheiro para sobreviver,” disse ele. “O que aconteceu é que surgiu uma boa oportunidade e tivemos uma conversa ótima com o Softbank.”
Segundo Roberto, o interesse do Softbank na empresa tem a ver em parte com os investimentos que a Blip tem feito em inteligência artificial – hoje uma das principais teses globais da empresa japonesa.
A Blip usa IA em suas soluções desde 2014, ajudando empresas a automatizar parte de sua comunicação com os clientes, com chatbots e ferramentas que otimizam o atendimento do call center.
“Mas desde 2022, com o surgimento do ChatGPT, esse movimento está acelerando ainda mais,” disse Roberto. “A qualidade e a velocidade com que temos conseguido implementar automações têm sido muito maiores. Também temos usado muita IA generativa na parte do analytics para entender o que está acontecendo nas conversas e tirar insights disso.”
Segundo o CEO, a Blip tem apostado em três pilares para crescer.
O primeiro é a aceleração e melhoria das interações automatizadas e da produtividade dos agentes humanos. Roberto disse que um atendente de call center atende bem 30 pessoas por dia, em média. “Usando o nosso Copilot, acredito que isso possa chegar a umas 300 pessoas por dia. O grande desafio da tecnologia que estamos desenvolvendo é conseguir fazer com que o IA agent e o agente humano convivam de forma transparente e eficiente.”
A ferramenta da Blip permite ao atendente do call center ter acesso, por exemplo, a um resumo do histórico do cliente com quem está conversando. A ferramenta também sugere uma ou mais respostas que o atendente pode enviar de forma automática e permite que ele chame um Autopilot para concluir a conversa se perceber que o cliente precisa de algo simples.
O segundo pilar tem a ver com a geração de demanda. A Blip está criando uma solução para ajudar a aumentar a conversão dos anúncios Click to Whatsapp (que, como diz o nome, mandam o cliente para uma conversa no Whatsapp).
“Todas as plataformas onde esses anúncios são feitos — Meta, TikTok, Google — têm algoritmos próprios de otimização de demanda, mas elas precisam de um feedback do que aconteceu com a pessoa depois que a empresa mandou o cliente para o Whatsapp,” disse Roberto.
O CEO disse que a Blip ainda está na fase beta dessa ferramenta, e definindo qual será o modelo de monetização.
Por fim, a startup está entrando na vertical de pagamentos, trabalhando numa solução que será aplicada em cima da ferramenta de pagamentos desenvolvida pelo Whatsapp — oferecendo mais funcionalidades aos usuários.
Roberto disse que essas três frentes estão sendo financiadas com a própria receita da empresa e que os recursos da rodada de hoje serão usados para M&A e a internacionalização da Blip.
As duas estratégias se misturam, já que uma das possibilidades para acelerar a internacionalização será com a aquisição de outras empresas.
No final de 2023, a Blip fez justamente esse movimento para entrar no México, comprando a GUS. “Essa transação consolidou nossa presença na América Latina. Depois, abrimos um escritório em Madri, de onde estamos desenvolvendo o mercado europeu,” disse o CEO.
Hoje, os mercados internacionais respondem por menos de 10% da receita da Blip.
Um dos focos da expansão geográfica será os Estados Unidos, onde a empresa tem uma presença pífia hoje. Outro potencial novo mercado é o Oriente Médio.
Com informações de Brazil Journal