É difícil entender o que Bolsonaro pensa. Se é que ele pensa. Há indícios veementes de que essa atribuição do cérebro humano lhe tenha sido negada, tamanhos são os disparates que ele comete. Agora mesmo resolveu falar mal do Brasil na presença dos embaixadores acreditados em Brasília. A título de quê, minha gente? Simplesmente para desfazer do processo eleitoral brasileiro, uma de suas últimas e tresloucadas fixações. Para ele, sem a participação direta das Forças Armadas nos mecanismos de controle das urnas, haverá fraude nas eleições. Completa insanidade. O que os militares têm a ver com as eleições é simplesmente assegurar que a votação ocorra dentro da normalidade. E isso mesmo se forem convocados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Este, sim, é o organismo ao qual a Constituição atribui a função de cuidar de tudo que diga respeito a eleição.

Ora, mesmo em questão de tamanha relevância, tem inteiro cabimento a lição da saberia popular, para a qual “cada macaco no seu galho”. De eleição cuida o TSE. De defesa nacional cuidam os milicos. E pronto. E veja-se que, por pura questão de cortesia, o Tribunal convidou um representante das forças armadas para participar de uma verificação da lisura do processo eleitoral. Foi mesmo que dar o pé; agora eles querem a mão.

Impressiona como é difícil para alguns entender que, no sistema de organização estatal e consideradas as bases de uma democracia representativa, os mecanismos de funcionamento têm que estar interligados, mas um não pode se imiscuir nas atribuições dos outros. Basta ler a Constituição da República para constatar essa evidência. Em assim sendo, é necessário repetir que no assunto de que se cuida, o TSE é o responsável pelo processo eleitoral e os militares estão para esse fato assim como qualquer outro cidadão, integrante da sociedade civil.

Ao que tudo indica, a patacoada de Bolsonaro com os embaixadores produziu efeitos inteiramente contrários àqueles que possivelmente eram buscados pelo nosso insano presidente. Assim é que o representante do Departamento de Estado dos Estados Unidos, país ao qual o Bozo se mostra submisso, declarou confiar inteiramente no sistema eleitoral de nosso país. Muito bonito para a cara do infeliz! Foi buscar lã e saiu tosqueado, simplesmente por não dar atenção a outra afirmativa popular, segundo a qual “em boca fechada não entra mosca”.

Se tivesse ficado calado, Bozo não teria passado por aquele constrangimento de dimensões amazônicas: quando terminou de dizer todas as sandices possíveis e imagináveis, encerrando um discurso ridículo porque pretensioso, o auditório permaneceu mudo e impassível, assim como se tivesse ouvido um toque de silêncio. Nenhum aplauso, nem para fazer remédio. Bem feito! Acho que os embaixadores ficaram sem entender a razão pela qual tinham sido convidados. Aquilo, afinal de contas, não era assunto que lhes dissesse respeito.

E assim vamos caminhando. Não se iludam: quanto mais se aproximar o dia 2 de outubro, mais o Bozo vai dar demonstrações de sua índole golpista e autoritária. Mais ele vai esticar a corda, fazendo de tudo para tumultuar o processo. É um dever dos democratas e progressistas não aceitar a provocação. Relembremos que passamos por uma ditadura militar de vinte e um anos e que o restabelecimento da democracia custou a morte e o suor de milhares de brasileiros, torturados em esconsos porões ou simplesmente “desaparecidos”. Vamos banir, pelo voto, essa caterva do poder. Está na hora de mostrar amor pelo Brasil, provando ao Bozo que ser patriota não é arrotar arrogância nem difundir o ódio. É mais, muito mais que isso.

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