
O Brasil registrou uma melhora em sua posição no índice anual de liberdade de imprensa, divulgado nesta terça-feira (9/12) pela ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras (RSF). O avanço reflete a normalização das relações entre o governo e a imprensa após a posse do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em contraste com o período anterior, marcado por hostilidade.
Apesar da melhora, o relatório alerta que o país ainda enfrenta desafios significativos, como a violência estrutural contra profissionais da mídia, a concentração privada no setor e o impacto da desinformação no debate público. Nos últimos dez anos, pelo menos 30 jornalistas foram assassinados no Brasil, sendo que em 2022, três mortes estiveram diretamente ligadas à prática jornalística, incluindo a do britânico Dom Phillips na Amazônia.
Cenário Global: Um Ano Trágico para a Imprensa
Globalmente, o panorama para jornalistas em 2025 é alarmante, com um aumento significativo de assassinatos, detenções e desaparecimentos, impulsionados por guerras e pelo crime organizado.
- Assassinatos: 67 jornalistas foram mortos entre 1º de dezembro de 2024 e 1º de dezembro de 2025, um aumento em relação aos 49 registrados em 2023. Quase 80% dessas mortes foram causadas por forças armadas ou redes criminosas. A RSF enfatiza: “Os jornalistas não morrem, eles são mortos.”
- Faixa de Gaza: Israel é responsável por mais de 43% dos assassinatos de jornalistas na Faixa de Gaza. Com 66 mortos em 2024 e 67 em 2025 (desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023), a RSF acusa o exército israelense de ser o “pior inimigo dos jornalistas”, alegando que muitos não são vítimas de “balas perdidas”.
- México: Na América Latina, o México se tornou o país mais perigoso para jornalistas em 2025, com nove mortes, apesar dos compromissos da presidente Claudia Sheinbaum. As vítimas frequentemente cobriam política local, crime organizado e suas ligações com autoridades.
- China: Classificada na antepenúltima posição do ranking (superando apenas Coreia do Norte e Eritreia), a China é descrita como a “maior prisão aberta de jornalistas no mundo”. O país detém 121 dos 503 profissionais presos globalmente.
Detenções e Desaparecimentos: Atualmente, 503 jornalistas estão presos em 47 países (com destaque para China, Rússia e Mianmar). Além disso, 135 estão desaparecidos e 20 são mantidos como reféns, principalmente na Síria e no Iêmen. - Outros Países Críticos: Ucrânia (três jornalistas mortos) e Sudão (quatro mortos) também figuram entre os locais mais trágicos para a profissão.
Países Mais Seguros e o Apelo da RSF
Nas primeiras posições do ranking da RSF, como os países mais seguros para o exercício da profissão, estão Noruega, Estônia e Holanda.
A diretora editorial da RSF, Anne Bocandé, lamenta que “o ódio aos jornalistas” e a “impunidade” sejam fatores persistentes. Ela reforça o apelo para que os governos se comprometam com a proteção dos jornalistas e evitem transformá-los em alvos, garantindo que possam informar o mundo sobre o que acontece em territórios de conflito.
Com informações de Metrópoles










