Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, sede do Brics - Foto: Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil/PR

Rio de Janeiro — Os líderes dos países que integram o Brics divulgaram neste domingo (6/7) a declaração final da cúpula, realizada no Rio de Janeiro. No primeiro dia do encontro, o grupo chegou a um consenso sobre temas centrais da política global, segurança internacional e sustentabilidade, consolidando sua posição como um dos principais blocos de articulação do chamado Sul Global.

Com 126 parágrafos, o documento trata de temas como:

Reforma do Conselho de Segurança da ONU

O bloco cobra mudanças estruturais na governança global, com destaque para uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A demanda é por uma maior representação de países em desenvolvimento, especialmente da África, América Latina e Ásia, e por uma voz mais forte do Sul Global nos processos decisórios internacionais.

“O atual arranjo não reflete as realidades geopolíticas contemporâneas”, diz o texto.

Conflito no Oriente Médio e Irã

Sobre o agravamento das tensões no Oriente Médio, o Brics condena os recentes ataques militares contra o Irã, ocorridos desde 13 de junho, mas evita citar explicitamente os Estados Unidos ou Israel, presumivelmente envolvidos.
O grupo também expressa “profunda preocupação com os ataques contra instalações civis e nucleares pacíficas”, em aparente referência às ações que violam o direito internacional.

Faixa de Gaza

O bloco reafirma o apoio a uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos. Os líderes do Brics defenderam um cessar-fogo imediato e a retomada de negociações com mediação multilateral.

Comércio e tarifas

A declaração também critica o aumento indiscriminado de tarifas comerciais e o uso de medidas protecionistas, especialmente sob o argumento de metas ambientais. O documento alerta que essas práticas “interrompem cadeias globais de suprimentos e agravam as desigualdades econômicas”.
Embora os Estados Unidos não sejam citados diretamente, o texto é uma clara resposta à política de tarifas da gestão Donald Trump, em especial após tensões recentes envolvendo o IOF e mercados emergentes.

Meio ambiente

No campo ambiental, os países do Brics apoiaram oficialmente o lançamento do Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF), proposta brasileira que será levada à COP30, marcada para Belém, no Pará, em 2025. O fundo visa financiar ações de preservação em florestas tropicais, incluindo a Amazônia, a Bacia do Congo e as florestas do Sudeste Asiático.

Contexto político

Esta é a primeira cúpula do Brics com sua nova formação ampliada, agora incluindo Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, além dos membros originais: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Com uma agenda cada vez mais ambiciosa, o bloco busca se consolidar como contraponto à influência dos países do G7 e um instrumento de defesa de uma ordem internacional multipolar.

Com informações de Metrópoles

Artigo anteriorFAB intercepta três aeronaves durante Cúpula do Brics no Rio de Janeiro
Próximo artigoPrefeitura de Manaus abre inscrições para curso gratuito de Cuidador de Idoso com 100 vagas