
O uso das chamadas “canetas emagrecedoras”, como a semaglutida, liraglutida e tirzepatida, vem crescendo no Brasil como alternativa no tratamento da obesidade e controle do diabetes tipo 2. Apesar da popularidade, especialistas alertam que esses medicamentos não são soluções milagrosas para a perda de peso e devem ser utilizados com cautela e sob orientação médica.
As substâncias, que são aplicadas por via subcutânea, atuam principalmente na regulação do apetite e controle glicêmico. No entanto, seu uso indevido pode gerar efeitos colaterais importantes, como náuseas, dores abdominais, refluxo e, em casos mais graves, pancreatite. “Esses fármacos exigem prescrição e um acompanhamento rigoroso, com exames periódicos que avaliem funções renal, hepática e pancreática”, orienta a médica Chayanne Bordin Calegari, da Clínica Longevitta, em Florianópolis.
Medicamento é coadjuvante, não protagonista
Segundo a médica, os fármacos podem ser uma ferramenta importante no processo de emagrecimento, especialmente para pacientes com dificuldades metabólicas ou emocionais. No entanto, os resultados só se sustentam quando há mudança real de hábitos.
“Não adianta confiar apenas no remédio. Sem reeducação alimentar, atividade física regular, sono adequado e equilíbrio emocional, os efeitos são passageiros. O objetivo deve ser a construção de um novo estilo de vida”, explica Chayanne.
Exames ajudam a personalizar o tratamento
Para garantir segurança no uso das medicações, exames laboratoriais são fundamentais. Eles podem apontar causas ocultas que dificultam a perda de peso, como alterações hormonais, resistência à insulina ou doenças como a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
A avaliação também ajuda a detectar deficiências nutricionais que impactam diretamente no metabolismo e disposição do paciente, como baixos níveis de ferro, vitamina D ou B12. “Esse olhar detalhado permite montar um plano terapêutico mais eficaz e seguro”, destaca a médica.
Suporte multidisciplinar amplia eficácia
A abordagem ideal, segundo Chayanne, envolve não apenas o acompanhamento médico, mas também o trabalho conjunto com nutricionista, psicólogo e educador físico. “Cada paciente tem um histórico único, e o tratamento precisa ser individualizado. Perder peso não é um caminho linear e não deve ser um esforço solitário”, afirma.
O risco do uso indiscriminado
Com o aumento da procura pelas canetas emagrecedoras, cresce também o risco do uso indevido, especialmente sem prescrição. A automedicação, além de ineficaz, pode ser perigosa. A especialista reforça que o monitoramento médico contínuo é essencial para avaliar a resposta ao medicamento e fazer ajustes conforme necessário.
“O tratamento com esses fármacos pode ser um grande aliado, desde que esteja inserido em um contexto de responsabilidade, ciência e cuidado com o paciente”, finaliza Chayanne.
Com informações de NSC Total