Olá Navegantes!

E aí pessoal, tudo bem? O mês passou muito rápido! Já estamos finalizando o mês de Abril e adentrando em uma nova etapa, desconhecida para nós, com muitas lutas, desafios e sobretudo, bênçãos!

Vamos falar hoje sobre um assunto que chocou o Brasil: o caso Henry Borel. Esse caso é um caso complexo e envolve muitas questões delicadas, como violência doméstica, violência contra mulher, violência psicológica, alienação, coação, transtorno de personalidade, entre outros desdobramentos. Vou me ater hoje aqui sobre a importância da rede de apoio à criança.

Nos dias de hoje os pais têm estado cada vez mais ocupados e preocupados em engajar os filhos em posições consideradas de sucesso na sociedade. Por isso, trabalham cada vez mais para que possam dar essa condição a seus filhos, assim como também preparam a criança academicamente para o mercado de trabalho, matriculando em diversos tipos de atividades que convergem para esse fim.

Até aí, nada de errado, a não ser uma coisa chamada equilíbrio. Cada vez menos as famílias têm tido tempo de qualidade entre si. Cada vez menos os pais conversam com seus filhos, cada vez menos têm tempo para ouvir e perceber o comportamento deles. As crianças são cuidadas a maior parte do tempo por babás, e assim o amor e a compreensão têm sido terceirizados.

Não é o primeiro e infelizmente não será o último caso em que a própria criança verbaliza o que vem sofrendo por parte do agressor e não recebe crédito e muito menos amparo pelos familiares. Henry Borel contou ao seu pai sobre as agressões, pois confiava nele. Mas o pai numa atitude de ingenuidade acreditou na mãe e na avó da criança, e mesmo tentando proteger seu filho, sem saber, entregou o mesmo nas mãos daquele que seria seu algoz.

Henry Borel também contou para a babá o que o “tio” estava fazendo. A babá fez sua parte em comunicar a mãe, mas a mãe supostamente também era conivente, ou, pelo menos, fazia “vista grossa.” Acontece que o próprio menino ligou para a mãe, e contou a violência psicológica que sofrera, “mãe, o tio disse que eu te atrapalho.” A mãe estava tentando abordar a situação, disse que iria colocar microcâmera, começou a levar o filho para atendimento psicológico. Mas isso não impediu que o pior acontecesse em tão pouco tempo.

Faltou uma mãe que se posicionasse, que estivesse PRESENTE. Uma mãe que priorizasse a saúde mental e integridade física de seu filho. E não só porque era mãe, mas legalmente falando também, era o dever dela. Crianças dificilmente inventam histórias nesse sentido. Crianças pedem socorro mas têm medo pois muitas vezes moram com o agressor.

A rede de apoio, escola, pais, vizinhos, comunidade, profissionais de saúde precisam estar mais atentos a esse tipo de situação! Eu já palestrei para uma sala de aula cheia de crianças com menos de seis anos de idade, e ao final da  conversa vários relatos surgiram!

Embora muitas coisas de fato as crianças de hoje já consigam verbalizar, como no caso do Henry, muitas também não tem ainda esse mecanismo, muitas nem conseguem elaborar o que acontece com elas, outras têm muito medo de serem agredidas ainda mais, e o pior, ficam com medo de contar aos pais, se sentem culpadas e escondem sua dor. Esse é um dos motivos pelo qual muitas vezes a criança só relata a agressão para um amiguinho, para uma professora ou na escolinha de sua comunidade religiosa.

Devemos sempre estar atentos aos sinais, mesmo que não seja um parente ou conhecido seu, você deve denunciar os maus tratos e violência contra a criança, através do Disque 100 ou ligando diretamente para a polícia, pelo 190. O importante é não ser negligente diante de situações como essa do Henry Borel, que acontece todos os dias no Brasil a fora, inclusive aí perto de você.

“A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) lançou a segunda edição de uma cartilha em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) chamada Manual de Atendimento às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência.

Nela, os especialistas dão dicas de como identificar possíveis sinais de que uma criança está sofrendo algum tipo de violência. Um dos principais alertas é uma mudança drástica de comportamento. É quando uma criança agitada passa a ficar mais quieta, acuada. Ou uma criança alegre que se torna triste e até agressiva.

O adulto também deve ficar atento a sinais de agressão aparentes no corpo da criança, como vergões, roxos ou machucados. Os especialistas explicam, porém, que nem sempre as agressões deixam marcas no corpo.

A criança agredida, dizem os especialistas, também pode apresentar alteração no sono, seja ter insônia ou passar a dormir demais, e na alimentação. Neste caso, algumas podem passar a comer por ansiedade, enquanto outras podem se tornar anoréxicas ou desenvolver bulimia. Outro possível sinal apresentado por uma criança que sofre violência é apresentar depressão, sinais de baixa auto-estima e deixar de confiar nas pessoas ao redor dela.” Fonte BBC News Brasil

Sem dúvida, esse assunto é extenso e merece nossa atenção. Mas nossa conversa se encerra aqui hoje, com um apelo: compartilhe esse conhecimento com mais pessoas, seja no mundo virtual ou real, converse mais sobre isso ao invés de falar de BBB.

Proteja nossas crianças, não feche os olhos para os inocentes.

Syrsjane N. Cordeiro

Psicóloga pelo UNASP – SP, Especialista em Saúde Mental. Já atuou como psicóloga na prevenção e promoção de saúde na atenção básica (2014); na prevenção e promoção de saúde indígena no Alto Rio Solimões (2015); atuou também na área da assistência social, no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

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