Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou a perda de mandato do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ). A informação foi revelada pelo Metrópoles e confirmada em edição extra do Diário Oficial da Casa desta sexta-feira (25/4).

Chiquinho Brazão está preso desde março de 2024, sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Por isso, responde também a um pedido de cassação do mantado, nunca analisado no plenário da Câmara. O motivo oficial para o afastamento definitivo, porém, é outro.

Motta fez uso da sua prerrogativa para cassar o mandato de Brazão pelo número de faltas do deputado. Como ele foi preso e não se afastou do cargo, continua com mandato ativo, mas acumulando faltas.

A prerrogativa legal que baseou a decisão de Motta foi o Artigo 55 da Constituição Federal. Ela determina que deputados e senadores podem perder o mandato se deixarem de comparecer a 1/3 “das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada” no ano.

De acordo com o banco de dados da Câmara, o deputado acumulou 32 ausências não justificadas somente este ano. Em 2024, foram 73 faltas contra apenas 12 presenças, e duas ausências justificadas.

Ou seja, o mandato de Brazão não foi cassado, uma vez que a cassação precisaria ser votada no Conselho de Ética e também no plenário da Câmara. A líder do PSol na Casa, Talíria Petrone (RJ), afirmou que a decisão da perda de mandato, ao invés da cassação em plenário, ocorreu para preservar os direitos políticos do agora ex-deputado.

“Lamento profundamente que isso não tenha acontecido via deliberação de plenário pela cassação. Claramente com objetivo de preservar os direitos políticos daquele que possivelmente mandou executar Marielle e Anderson para que ele não fique inelegível. E também para preservar seus aliados deputados em plenário para que não coloquem suas digitais na cassação”, disse a deputada.

Brazão em prisão domiciliar

No dia 11/4 deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu mudar Chiquinho Brazão para a prisão domiciliar. Como mostrou o Metrópoles, a medida abriu espaço para o então deputado registrar presença e votar à distância, mas somente em sessões virtuais.

O parlamentar poderá deixar a Penitenciária Federal de Campo Grande, onde estava detido desde a operação da Polícia Federal (PF), após ser delatado por Ronnie Lessa. Chiquinho cumpre medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica, além de estar proibido de utilizar redes sociais — inclusive por meio de terceiros —, manter contato com outros investigados, conceder entrevistas a qualquer veículo de imprensa e receber visitas, exceto de advogados, irmãos, filhos e netos.

Com informações de Metrópoles.

Artigo anteriorJustiça libera bens de MC Poze após operação da Polícia Civil
Próximo artigoSecretário da Semseg pede desculpas por violência de guarda municipal contra cidadão indefeso, em Manaus