
O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” pode ser beneficiado na corrida pelo Oscar graças às falas polêmicas de Karla Sofía Gastón, estrela de “Emilia Pérez” — isso porque a espanhola foi afastada da campanha do musical francês à premiação.
Essa é a aposta de revistas americanas como “Vanity Fair” e “The Hollywood Reporter”, que acreditam que o longa brasileiro tenha sido favorecido na disputa pela categoria Melhor Filme Internacional.
“Como resultado de seu comportamento, suas chances de ganhar o Oscar de Melhor Atriz, que eram remotas para começar, foram extintas, e é possível que o mesmo possa ser dito sobre todo o seu futuro no ramo”, opinou Scott Feinberg, editor executivo do “THR”, que completou dizendo que acredita que falas polêmicas da atriz possam ter prejudicado até mesmo o futuro de “Emilia Pérez”.
“Ela também prejudicou severamente as perspectivas de Oscar de seu filme — que era indiscutivelmente o favorito para o Oscar de Melhor Filme, com 13 indicações, apenas uma a menos do que o recorde de todos os tempos — e, o mais injusto de tudo, as perspectivas de suas colegas que também foram indicadas, incluindo Zoe Saldaña, que tem sido a favorita para melhor atriz coadjuvante por meses”, continuou Feinberg.
A controvérsia aumenta as chances de “Ainda Estou Aqui”, que, segundo pesquisas, era o segundo favorito ao Oscar de Melhor Filme Internacional, atrás apenas do musical de Jacques Audiard.
Relembre a polêmica
Em postagem feita no Instagram no sábado, 1, Karla Sofía se desculpou por seus tuítes antigos, resgatados por internautas e considerados racistas e intolerantes. “Eles já venceram”, iniciou a atriz na legenda. A publicação trazia uma imagem com os dizeres: “Como ocorre com ‘Emilia Pérez’, todos podemos mudar para melhor. Eu também”.
“A primeira coisa que gostaria de fazer é pedir minhas mais sinceras desculpas a todos aqueles que se sentiram mal pela minha forma de me expressar em qualquer estágio da minha vida”, escreveu ela, afirmando que “a maneira como se expressa é seu principal defeito”. Karla disse que “por mais que sua mensagem seja uma, sem usar as palavras corretas, ela se torna outra”.
A atriz também comentou sobre a ampla repercussão que sua carreira ganhou com a indicação ao Oscar. “Passei de viver uma vida normal para uma vida no auge da minha profissão em apenas seis meses”, afirmou.
“Agora minha responsabilidade é muito grande porque minha voz não pertence só a mim, mas a muitas pessoas que se sentem representadas e esperançosas comigo”, disse Karla, a primeira atriz trans indicada à categoria de Melhor Atriz na premiação.
A artista afirmou ter consciência de que não pode reparar seus atos do passado, mas completou dizendo não ser “a mesma pessoa de 10 ou 20 anos atrás”. “Reconheço, entre lágrimas, que eles já venceram, alcançaram seu objetivo: manchar, com mentiras ou coisas tiradas de contexto, minha existência”, escreveu.
Karla negou que seja racista, comentando que “uma das pessoas mais importantes em sua vida atual e que mais ama é muçulmana”. “Sempre lutei por uma sociedade mais justa e por um mundo de liberdade, paz e amor. Jamais apoiarei guerras, extremismo religioso ou opressão das raças e povos”, disse.
A atriz reafirmou que algumas de suas falas foram tiradas de contexto. “Criaram postagens como se eu estivesse insultando até minhas colegas, coisas que escrevi para glorificar como se fossem críticas, piadas como se fossem realidade, palavras que, sem o contexto, apenas parecem ódio. Tudo para que eu não ganhe nada e me afunde.”
Ela, por fim, citou um conselho que recebeu da mãe: “Pouco me importa que você ganhe alguma coisa, só quero que você esteja bem e não te façam mal”. “Mamãe, a vida me colocou aqui para enviar uma mensagem de esperança e amor neste mundo, e vou cumpri-la”, escreveu. em:
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A atriz já havia se manifestado sobre o caso na sexta-feira, 31. Ela chegou a desativar sua conta no X, antigo Twitter, após a repercussão dos tuítes. “Está claro que há algo muito sombrio por trás disso”, disse ela em comunicado enviado à imprensa.
Entre os tópicos mencionados pela atriz nos tuítes resgatados, estão o assassinato de George Floyd, ataques terroristas na França, islamismo, a pandemia de covid-19 e críticas ao próprio Oscar.
Karla disputa o prêmio de Melhor Atriz com Fernanda Torres, de Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, além de Demi Moore (A Substância), Mikey Madison (Anora) e Cynthia Erivo (Wicked).
Com informações de IstoÉ