Guerra comercial entre China e Estados Unidos (Crédito: Arte: Daniel Medeiros/PlatôBR)

Nesta sexta-feira, 25, o governo da China negou as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que Washington e Pequim estariam dialogando para fechar um acordo tarifário.

“A China e os EUA NÃO estão realizando nenhuma consulta ou negociação sobre #tarifas. Os EUA devem parar de criar confusão”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores chinês, por meio de comunicado publicado pela Embaixada da China nos Estados Unidos.

Em entrevista à revista Time, também publicada nesta sexta-feira, Trump afirmou que seu governo estaria conversando com a China sobre um acordo tarifário e que teria recebido uma ligação do presidente chinês, Xi Jinping. “Ele ligou. E não acho que isso seja um sinal de fraqueza da parte dele”, declarou Trump, sem especificar quando o contato ocorreu ou o teor da conversa. Posteriormente, ao deixar a Casa Branca para participar do funeral do papa Francisco, em Roma, o presidente norte-americano reiterou que havia falado com Xi “várias vezes” e afirmou que mais detalhes seriam fornecidos “no momento apropriado”.

Trump também declarou que os EUA estariam próximos de um acordo tarifário com o Japão.

China sinaliza flexibilização nas tarifas

Apesar de negar negociações formais, Pequim tem adotado medidas que indicam disposição para reduzir as tensões comerciais. A China isentou algumas importações norte-americanas de tarifas adicionais de 125% e solicitou que empresas identifiquem produtos essenciais que deveriam ficar livres de taxação, segundo informações de empresas notificadas.

O movimento é visto como um esforço para atenuar o impacto da guerra comercial, que prejudicou o comércio bilateral e aumentou os temores de uma recessão global. “Essa pode ser uma forma potencial de diminuir as tensões”, avaliou Alfredo Montufar-Helu, consultor do Centro para China do Conference Board. No entanto, ele alertou que “nenhum dos dois lados quer ser o primeiro a ceder”.

Até o momento, as autoridades chinesas não comunicaram publicamente a concessão de isenções.

Busca por estabilidade e preparação para o embate

Em contrapartida, o governo chinês reafirma estar preparado para enfrentar uma guerra comercial prolongada, a menos que os EUA retirem suas tarifas de 145%. Uma declaração recente do Politburo, principal órgão decisório do Partido Comunista da China, reforçou o compromisso de manter a estabilidade interna, apoiar empresas afetadas pelas tarifas e preparar o país para um eventual agravamento do conflito.

O Ministério do Comércio da China está coordenando a coleta de listas de produtos que podem ser beneficiados com isenções tarifárias e solicitando que empresas apresentem pedidos formais.

As isenções tarifárias em análise visam aliviar custos para empresas chinesas e reduzir a pressão sobre as exportações norte-americanas em um momento de possíveis reaproximações diplomáticas.

Empresas participam das discussões

Na quinta-feira, 24, o Ministério do Comércio realizou uma reunião com mais de 80 empresas estrangeiras e câmaras de comércio na China para debater os impactos das tarifas sobre os investimentos e operações comerciais.

Michael Hart, presidente da Câmara de Comércio dos EUA na China, relatou que o governo chinês consultou as empresas para identificar produtos importados dos EUA que são insubstituíveis para suas cadeias de suprimentos. Ele mencionou que algumas empresas farmacêuticas conseguiram importar medicamentos sem a incidência de tarifas, embora os benefícios sejam específicos para determinados produtos, e não para setores inteiros.

Além disso, o CEO da fabricante francesa de motores de aeronaves Safran informou que a China concedeu isenções para algumas peças aeroespaciais, como motores e trens de pouso.

Uma lista de 131 categorias de produtos supostamente contemplados por isenções circulava nesta sexta-feira em plataformas de mídia social chinesas e entre grupos comerciais. A Reuters, contudo, não conseguiu confirmar a autenticidade da relação, que inclui desde vacinas e produtos químicos até motores a jato.

As autoridades alfandegárias chinesas e o Ministério do Comércio não se manifestaram oficialmente sobre o tema. Já o Ministério das Relações Exteriores redirecionou os questionamentos às “autoridades competentes”.

Diálogo com a Europa

A Câmara de Comércio da União Europeia na China também afirmou que levou o tema das isenções ao Ministério do Comércio e aguarda um posicionamento oficial.

“Muitas de nossas empresas associadas estão sendo significativamente afetadas pelas tarifas sobre componentes críticos importados dos Estados Unidos”, declarou Jens Eskelund, presidente da entidade.

Com informações de IstoÉ

Artigo anteriorGoverno Lula busca alternativas para reduzir preços dos alimentos, mas enfrenta impasses
Próximo artigoParintins recebe 1º Circuito Gastronômico da Villa Bulcão com foco na cultura e no empreendedorismo local