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Nos videogames de hoje, o que é digital e o que é físico se misturam cada vez mais. Muitos jogadores se divertem em consoles, em games como Pokémon: Let’s Go, Eevee! no Nintendo Switch. Esse jogo, de 2018, trouxe de volta a região de Kanto e tem um jeito fácil de capturar Pokémon, bom para quem está começando. Mas, ao mesmo tempo, milhões de pessoas estão construindo algo grande no mundo real. Usando só seus celulares, elas ajudam a criar o maior mapa 3D do planeta, tudo com ajuda de inteligência artificial.

Essa ideia vem da Niantic, a empresa por trás de Pokémon GO. Lançado em 2016, Pokémon GO não só fez a realidade aumentada (AR) ser popular, mas também virou uma ferramenta importante para mapear o mundo. Longe de ser apenas um jogo de caçar Pokémon, os jogadores estão, sem saber ou de propósito, alimentando um sistema gigante de IA. Esse sistema pode mudar como interagimos com os lugares.

Um “metaverso do mundo real”

A Niantic sempre teve um objetivo grande: criar uma plataforma de realidade aumentada para o mundo real. Para isso, é preciso entender nosso ambiente em três dimensões. Imagine um futuro em que apps e coisas digitais se misturam com objetos e lugares de verdade. Eles não só mostram imagens, mas entendem o espaço. É isso que a Niantic está fazendo, e os milhões de usuários de Pokémon GO são essenciais nisso.

A empresa chama isso de “metaverso do mundo real”. Nele, o digital e o físico se tornam uma coisa só. Para conseguir isso, é necessário um banco de dados gigante e detalhado do mundo real. Não dá para construir isso só com engenheiros ou carros de mapeamento. É aí que a comunidade de jogadores entra em ação.

Como os jogadores mapeiam o mundo

O mapeamento começou a ser mais conhecido em maio de 2020. Foi quando a Niantic colocou o recurso de “PokéStop Scanning” (Escaneamento de PokéParadas) em Pokémon GO. Esse recurso permitiu que jogadores, primeiro os de nível mais alto, usassem seus celulares para gravar vídeos curtos em 3D de PokéParadas e Ginásios. Esses pontos são, na verdade, lugares conhecidos no mundo real, como monumentos ou prédios.

Cada vídeo capturado é uma peça do quebra-cabeça. Os jogadores devem filmar o local de vários lados. Depois de enviar os vídeos para os servidores da Niantic, eles são analisados por sistemas avançados de inteligência artificial. A IA olha os vídeos para recriar o local em 3D. Ela identifica formas, texturas e tamanhos. É como um trabalho de fotografia e computação em grande escala. Bilhões de informações visuais viram dados do espaço.

Essa ajuda voluntária e em massa é um grande diferencial. Empresas como o Google usam carros com câmeras para mapear ruas. A Niantic usa a grande rede de jogadores que estão sempre andando. Eles visitam milhões de lugares no mundo todo. Isso permite coletar dados de forma mais natural, completa e detalhada de pontos que talvez nunca fossem mapeados de outro jeito.

Do PokéStop ao LGM: a inteligência artificial em ação

Os dados que os jogadores coletam não são só guardados. Eles são o combustível para o que a Niantic chama de Large Geospatial Model (LGM) e o Visual Positioning System (VPS).

O LGM é um modelo de inteligência artificial grande. Ele aprende a entender o mundo real em três dimensões. Ele reconhece objetos, construções e o ambiente de forma contextual. O VPS trabalha junto com o LGM. Ele permite que aparelhos de AR (como celulares ou óculos de AR futuros) saibam com muita precisão onde estão no mundo real, com uma exatidão de centímetros. E também como o mundo ao redor parece em 3D. Isso é bem mais avançado que o GPS, que só dá uma localização aproximada. O VPS permite que uma experiência de AR “prenda” objetos virtuais em pontos específicos do mundo real. Assim, eles parecem de verdade parte do ambiente.

Com essa tecnologia, criadores podem fazer experiências de realidade aumentada mais reais. Pense em um Pokémon virtual que parece estar sentado num banco de praça. Ou um portal digital que se abre em uma parede de um prédio. Isso conecta o digital com o físico de forma fluida. O LGM é a base para essa compreensão do espaço.

Além dos jogos de Pokémon

A maioria das pessoas liga essa tecnologia a Pokémon GO. Mas o potencial de um mapa 3D global tão detalhado é enorme. Ele vai muito além dos jogos. A Niantic está construindo uma plataforma para o futuro da computação do espaço e da realidade aumentada.

Experiências de AR mais Reais: O mapa 3D fará com que objetos virtuais em jogos e apps de AR interajam de forma mais natural com o ambiente. Um monstro virtual pode se esconder atrás de uma árvore. Ou um personagem digital pode andar em uma calçada de verdade.

Navegação e Informação no Local: Andar em cidades grandes pode ficar mais fácil. Informações digitais (como direções ou horários de transporte) podem aparecer direto no mundo real, enquanto você o vê.

Cidades Inteligentes e Planejamento: Governos e quem planeja cidades podem usar esses dados 3D para obras, controlar o trânsito ou simular desastres naturais. Assim, entendem melhor a estrutura das cidades.

Novas Aplicações para Pessoas e Empresas: Desde tutoriais para montar móveis em AR até ferramentas para design de interiores ou manutenção de equipamentos. A capacidade de entender o espaço em 3D abre muitas portas para usos práticos.

A Niantic mostra como um jogo popular pode, de repente, virar uma ferramenta importante para a tecnologia. Jogadores de Pokémon GO, que só querem pegar um Pokémon ou uma PokéParada, são, sem querer, pioneiros. Eles estão construindo uma nova base digital. Estão abrindo caminho para um futuro em que a realidade aumentada não é só curiosidade. Ela será uma parte essencial e inteligente de como interagimos com o mundo físico. O planeta não é só um campo de jogo, mas um mapa que está sempre mudando. E quem quer conhecer o jogo, pode ficar de olho em descontaços incríveis para ver a melhor hora de comprá-lo.

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