Reunido em um dos andares do prédio onde funcionava a Prodente, no centro da cidade, o então deputado Nelson Azedo negociava, sob juramento, com centenas de eleitores, uma extração de dente podre em troca de seus respectivos votos.

– Em quem vocês vão votar no dia das eleições”, a resposta vinha, uníssono, claro.

– E quem mentir vai para onde? E, em coro, todos respondiam: “para o inferno”. E não deu outra: Azedo foi cassado.

Muitos anos depois, os métodos usados pelo líder da igreja Madureira, pastor Adeilson Sales, para reeleger Eduardo Alfaia, não diferem lá muita coisa da forma e conteúdo.

Azedo usava o inferno para quem mentisse. Adeilson fala em traição.

No culto deste final de semana, obcecado pela ideia de manter o representante da denominação religiosa na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Adeilson recorreu à lealde dos fiéis à igreja – tudo para encurralar o voto em favor de Alfaia.

– Olha só, vocês são tudo obedientes (sic), apontem para quem está do seu lado. Nem ouse pensar em outro e trair a sua igreja. É ele, é ele, é ele, é ele, é ele, conclama à seu  rebanho, que segue obediente ao apelo.

– É ele, é ele, é ele, é ele, é ele.

– É ele, pastor Eduardo Alfaia, vereador reeleito nessa cidade, uma das maiores votações que ele já teve na história. Posso contar com vocês, senhores jovens? insiste.

Em nome do poder e da continuidade de um representante na CMM, o pastor transformou o CONJADEM 2024 – congresso de jovens e adolescentes da igreja -, em grotesco espetáculo político.

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