A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) realizou uma visita ao Hospital Regional de Tefé, com o objetivo de averiguar as condições da maternidade após receber denúncias de violência obstétrica. Durante a inspeção, foram constatadas várias deficiências estruturais e operacionais na unidade, incluindo a falta de macas ginecológicas adequadas para partos, o que dificulta um atendimento humanizado e seguro para as gestantes.

A visita foi conduzida pela defensora pública Suian Lopes, acompanhada pelo defensor Elton Staub, responsável pela área da saúde. A comitiva inspecionou as salas de parto, pré-parto e pós-parto, e observou a necessidade urgente de melhorias. Segundo relatos colhidos no local, pacientes informaram que, devido à falta de macas apropriadas, algumas mulheres tiveram que deitar no chão para dar à luz. Atualmente, a maternidade conta com apenas uma maca própria para partos, situação que compromete o atendimento adequado à alta demanda.

Superlotação e Alta Demanda na Maternidade de Tefé

Durante a inspeção, a equipe da Defensoria foi informada de que o hospital, que atende Tefé e outros sete municípios, realizou 98 partos em apenas 13 dias, evidenciando a sobrecarga da unidade. O diretor administrativo do hospital explicou que, especialmente durante o período de seca, a demanda aumenta significativamente, e a estrutura disponível não consegue atender de forma eficaz.

A defensora Suian Lopes ressaltou que uma das principais conclusões da visita foi a necessidade de criação de uma maternidade separada do Hospital Regional de Tefé. “Há uma necessidade urgente de um espaço específico para atendimentos maternos em Tefé, separado do hospital, para melhor organização e qualidade nos serviços prestados”, afirmou Lopes.

Casa de Parto e Casa das Gestantes: Estruturas Subutilizadas

Além da inspeção no hospital, a Defensoria Pública também visitou a Casa de Parto, uma estrutura construída com recursos federais e municipais, que se encontra equipada, mas inativa. De acordo com a defensora Suian Lopes, o funcionamento da Casa de Parto depende da contratação de profissionais, porém, a prefeitura de Tefé não dispõe de orçamento para essa finalidade. “Vamos pressionar o Estado para que esse espaço seja colocado em funcionamento, beneficiando diretamente as gestantes da região”, declarou.

Outro local visitado foi a Casa das Gestantes, um espaço dedicado a mulheres grávidas provenientes de comunidades distantes, que necessitam de avaliação médica antes do parto. A defensora destacou que, em muitos casos, as gestantes dessas comunidades, após a avaliação, precisam retornar sem dar à luz, o que pode resultar em complicações graves, como mortes fetais ou maternas. A Casa das Gestantes foi criada justamente para evitar esse tipo de situação, especialmente em períodos de seca, quando a locomoção é ainda mais difícil.

A Defensoria Pública se comprometeu a tomar medidas para pressionar as autoridades estaduais e municipais a colocarem esses espaços em funcionamento, visando garantir um atendimento digno e seguro às gestantes de Tefé e região.

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