Na corrida eleitoral de segundo turno em Manaus, a campanha do Capitão Alberto Neto (PL) contou com um arsenal de apoiadores do núcleo mais próximo de Jair Bolsonaro, à exemplo de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, o deputado federal Nicolas Ferreira, a senadora Damares Alves, além do deputado Eduardo Bolsonaro, mobilizados para catapultar a candidatura de Alberto Neto.
No entanto, a corrente bolsonarista mais autêntica fortemente usada na campanha de Alberto Neto não produziu os efeitos esperados, e os votos carreados pela ideologia do capitão não foram suficientes para a vitória nas urnas.
A derrota em Manaus para David Almeida (Avante) é simbólica para o bolsonarismo, já que a capital amazonense foi uma das bases onde o apoio ao ex-presidente se manteve forte nas eleições passadas.
A campanha de Alberto Neto se pautou em uma retórica alinhada aos valores conservadores e à agenda de segurança pública promovida por Bolsonaro, posicionando o candidato como fiel representante do “mito”. No entanto, o apelo não foi suficiente para garantir o triunfo.
A presença massiva de figuras emblemáticas do bolsonarismo, como Michelle Bolsonaro e Damares Alves, que têm grande influência entre o eleitorado evangélico, não conseguiu reverter a situação.
Michelle, que ao lado de Damares vinha tentando conquistar o voto feminino e religioso, investiu em discursos sobre valores familiares, segurança e fé, temas tradicionalmente caros ao eleitorado conservador.
Nicolas Ferreira, conhecido pela retórica combativa, e Eduardo Bolsonaro reforçaram a linha dura de campanha, mas a resposta nas urnas mostrou que a estratégia não sensibilizou os manauaras o suficiente para levar Alberto Neto à vitória.
Esse revés em Manaus revela um enfraquecimento na capacidade de Bolsonaro e de seus aliados de transferirem votos, especialmente em uma capital onde o ex-presidente ainda contava com uma base sólida.
A derrota do Capitão Alberto Neto sugere que o apelo direto ao bolsonarismo puro e duro pode não ter mais o mesmo impacto eleitoral, pelo menos em cenários locais, onde as questões regionais e as dinâmicas locais se mostram mais influentes do que as figuras nacionais.
Além disso, o fracasso na eleição de Manaus expõe uma possível fragmentação do apoio conservador, que agora parece buscar outras lideranças para além da figura de Bolsonaro. A campanha investiu pesadamente, apostando na imagem e na presença de nomes de peso, mas a derrota indica que a fidelidade ao “mito” já não é suficiente para garantir a vitória.
A derrota em Manaus, após um segundo turno marcado por forte presença de nomes da linha de frente do bolsonarismo, reforça uma tendência já observada em outras capitais brasileiras: o bolsonarismo como cabo eleitoral pode estar perdendo tração. Manaus, antes tida como um reduto seguro, agora representa uma das mais expressivas derrotas desse movimento político.