A Bolívia voltou a viver momentos de tensão política após o ex-presidente Evo Morales liderar uma marcha e dar um “ultimato” contra a administração de Luis Arce, que classificou a postura do líder indígena como uma tentativa de golpe.
Ao fim de uma marcha que percorreu mais de 180 km em uma semana, Morales voltou a subir o tom contra Arce, e afirmou que o atual presidente da Bolívia deve trocar o gabinete ministerial em 24 horas caso ainda queira continuar no poder.
“Se Lucho [Arce] quiser continuar governando, ele primeiro deve mudar os ministros das drogas, os ministros corruptos, as ‘drogas’, os racistas, os fascistas em 24 horas”, disse Morales durante discurso em La Paz nesta terça-feira (24/9).
O governo de Luis Arce reagiu ao “ultimato” do líder cocaleiro por meio de uma nota, divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Bolívia. No texto, a postura de Morales foi chamada de uma “ameaça” contra a “continuidade da ordem democrática”.
“O Ministério das Relações Exteriores do Estado Plurinacional da Bolívia denuncia à Comunidade Internacional que, em comício realizado nesta segunda-feira, 23 de setembro de 2024, na cidade de La Paz, o ex-presidente Evo Morales Ayma ameaçou interromper a continuidade do ordem democrática, dando um ultimato ao presidente constitucional Luis Alberto Arce Catacora para mudar o seu Gabinete de Ministros em 24 horas se quiser continuar a governar”, disse o comunicado da chancelaria boliviana.
Na última semana, Luis Arce já havia denunciado um suposto plano de Morales contra a democracia no país. Para o presidente da Bolívia, o ex-presidente entre 2006 e 2019 tenta retornar ao poder “por bem ou por mal”.
Disputa interna
Antes aliados, a recente tensão na relação entre Morales e Arce acontece após disputas internas no partido Movimento ao Socialismo (MAS).
O atual presidente da Bolívia, que chegou a ser ministro de Morales, foi expulso da sigla em 2023 após não participar de um congresso que confirmou o nome do líder indígena como candidato nas primárias presidenciais para o pleito de 2025.
Morales, no entanto, foi inabilitado de concorrer à Presidência no próximo ano pela Justiça da Bolívia.