Nos dias 27 a 31 de outubro profissionais de saúde que atuam na comunidade Assunção do Içana, no Alto Rio Negro, no norte do Amazonas, poderão aprender de forma prática como realizar a prevenção e detecção do câncer de colo do útero em mulheres da região utilizando a telessaúde. O treinamento, que será conduzido por uma equipe da SAS Brasil, organização social que há mais de uma década viaja o país levando soluções de acesso à saúde especializada, tem como objetivo levar a telecolposcopia para facilitar o cuidado com a saúde da mulher.
No Brasil, a região Norte enfrenta uma falta de médicos, com apenas 1,19 profissionais por 100 mil habitantes, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Em um estado em que grande parte da população concentra-se distante da área urbana, soluções como a telessaúde podem mudar a realidade do acesso à saúde. “Estaremos cuidando de um índice elevado de mulheres, principalmente por não fazerem exames preventivos”, relatou a coordenadora de projetos da SAS Brasil, Gabriela Sá Oliveira, ao reafirmar o compromisso da organização social no combate a complicações severas entre as mulheres da comunidade. Para as mulheres, esse impacto é ainda mais significativo quando se fala da prevenção do câncer de colo do útero, terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil (INCA).
É pensando no cenário da escassez de médicos disponíveis e dos longos deslocamentos, que a SAS Brasil se uniu aos Expedicionários da Saúde, ONG que há mais de 20 anos atua na região levando atendimento médico, para realizar o ensino prático da telecolposcopia. “Nossa missão com o treinamento é levar primeiro a tranquilidade de que as mulheres poderão ser cuidadas recorrentemente. Segundo, queremos compartilhar conhecimento e tecnologia. Por fim, nós vamos levar serviços de saúde indispensáveis para as mulheres indígenas da região”, compartilhou a cearense Andriele Barros, enfermeira da SAS Brasil que conduzirá o treinamento.
O exame, que pode ser realizado pelo enfermeiro, requer um equipamento especial, que permite a captura de uma fotografia de visão ampliada do trato genital inferior femino, em especial o colo do útero. Conectado à plataforma de telessaúde utilizada pela SAS Brasil, o SIAS, as imagens são transmitidas e salvas no prontuário da paciente. À distância, o médico especialista acompanha a consulta por meio de uma chamada de vídeo, recebendo imagens em alta definição e interagindo diretamente com a paciente.
O exame não é novidade na SAS Brasil. A solução adotada pela organização em 2022, foi reconhecida nacionalmente pelo Prêmio Veja Saúde Oncoclínicas de Inovação Médica. Desde então, tem sido usado para levar prevenção para mulheres no litoral oeste do Ceará, no Maranhão e no interior do Centro-Oeste, em Goiás, onde a organização tem atuação fixa. Nos últimos anos, a SAS Brasil já garantiu acesso à saúde especializada para mais de 3 mil mulheres de regiões afastadas dos grandes centros urbanos.
Agora, a SAS Brasil chega à região norte, garantindo não só uma aprendizagem aplicada, mas a continuidade do exame ginecológico para mulheres da região, mas também o acesso à prevenção e ao tratamento in loco. O treinamento será parte da ação da EDS, que permanecerá na comunidade do noroeste amazônico até o dia 5 de novembro, visando atingir o marco histórico de 10 mil cirurgias, somadas ao longo de 22 anos de trabalho. Serão realizados procedimentos cirúrgicos e atendimentos clínicos em diversas especialidades: pediatria, ginecologia e obstetrícia, clínica geral, cirurgia, anestesia, ortopedia, além de odontologia e diversos exames laboratoriais.