
A história da onça-pintada Golias, criada como pet por uma família em Santo Antônio do Içá, no Amazonas, ganhou um novo capítulo após seu resgate pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Após assistir aos vídeos da chegada do animal em Manaus, a família fez um desabafo emocionante nas redes sociais, relatando preocupação com o estado da onça, que agora aparenta estar triste e ferida.
Nas palavras compartilhadas no perfil do animal no Instagram, os antigos cuidadores afirmaram que entregaram Golias com a esperança de que ele teria uma vida melhor em um ambiente mais adequado. No entanto, as imagens divulgadas do felino dentro de uma caixa de transporte e com ferimentos fizeram com que eles se questionassem se essa realmente foi a melhor decisão.
“Lhe entregamos bem, feliz e saudável, com a esperança de que ia ser melhor pra você. Você merece espaço na natureza. Lhe oferecemos tudo que estava ao nosso alcance. Sei que você está sentindo a nossa falta, você tem seus sentimentos e nós temos os nossos”, escreveu a família.
Apego e despedida dolorosa
Golias foi encontrado ainda filhote e criado como um membro da família. O vínculo emocional entre o animal e seus cuidadores foi tão forte que, mesmo sabendo que ele pertencia à natureza, a separação foi dolorosa. Segundo o relato, o desejo nunca foi dar um adeus definitivo, mas sim garantir que ele tivesse uma vida plena e segura.
“Quando você foi embora, ficamos com o coração triste, porque você já não ia mais estar aqui, fazendo parte da nossa vida. Cedo ou tarde isso ia acontecer para o bem de todos nós, mas não era isso que queríamos para você. Não queríamos que fosse um adeus, e sim um até logo.”
A família finalizou o desabafo demonstrando preocupação com o bem-estar de Golias e esperança de que um dia possam revê-lo.
“Aqui queremos o seu melhor e vamos orar para que um dia possamos te ver novamente. Sabemos que seu lugar é na natureza, mas jamais deixaríamos você sozinho. Cuidamos, nos apegamos, e talvez esse tenha sido nosso erro. Você não pode ver, mas está fazendo falta. Deus te proteja de verdade. Fica bem, bebezão. E um até logo.”
Repercussão e polêmica
O caso de Golias levanta um debate sobre o resgate de animais silvestres criados em cativeiro. Enquanto especialistas alertam para os riscos de manter animais selvagens como pets, a situação de Golias reforça a complexidade dessas intervenções, especialmente quando há laços afetivos entre humanos e o animal.
Ainda não há informações sobre qual será o destino definitivo de Golias, mas o Ibama deve avaliar sua condição e a possibilidade de reabilitação para uma vida na natureza. Enquanto isso, a família segue acompanhando a situação à distância, torcendo pelo bem-estar do animal que por tanto tempo foi parte de sua rotina.
As autoridades ressaltam que a posse de animais silvestres sem a devida autorização é considerada crime ambiental, sujeito a pena de seis meses a um ano de detenção, além de multa.
A infração está prevista no artigo 29 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que trata dos crimes ambientais e contra a fauna. De acordo com a legislação, o crime ocorre quando uma pessoa “mata, persegue, caça, apanha ou utiliza espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”.
Ainda segundo a lei, quem impede a procriação da fauna sem licença, autorização ou em desacordo com a concedida está sujeito às mesmas penalidades.