
O governo francês intensificou a pressão sobre a gigante varejista online Shein nesta segunda-feira (3/11), ameaçando bloquear o acesso da plataforma no país. A medida drástica ocorre após a empresa ser acusada de oferecer em seu portal bonecas sexuais com aparência de crianças.
Denúncia de Pornografia Infantil e Reação do Governo Francês
A Direção-Geral da Concorrência, Proteção do Consumidor e Controle de Fraudes (DGCCRF), órgão de defesa do consumidor da França, revelou na semana passada ter encontrado as bonecas no site da Shein. As descrições e categorização dos produtos não deixavam dúvidas sobre sua natureza pornográfica infantil, e o caso foi encaminhado ao Ministério Público.
“Os limites foram ultrapassados”, declarou o ministro da Economia francês, Roland Lescure. “Se esse comportamento se repetir, temos o direito de banir o acesso à plataforma Shein no mercado francês, e eu o farei.” Lescure destacou que a lei francesa permite proibir o acesso a mercados em casos de terrorismo, tráfico de drogas ou material pornográfico infantil. Uma investigação será conduzida, e as autoridades judiciais já estão cientes da situação, classificando os itens como “ilegais”.
Penalidades Severas e Outras Acusações
A legislação francesa exige que plataformas online removam conteúdo claramente ilegal, como pornografia infantil, em até 24 horas. O não cumprimento pode resultar no bloqueio do acesso por provedores de internet e na remoção do portal dos resultados de busca. A distribuição de material pornográfico infantil por meios eletrônicos é punível com até sete anos de prisão e multa de 100.000 euros (equivalente a cerca de R$ 618 mil).
O órgão fiscalizador também observou que a Shein comercializa outros produtos pornográficos, como bonecas sexuais com aparência adulta, sem filtros de idade eficazes para impedir o acesso de menores ou públicos sensíveis. Uma notificação formal já foi emitida, instando a plataforma a tomar medidas corretivas urgentes. Além disso, uma comissão parlamentar que investiga a inspeção de produtos importados para a França convocará representantes da Shein para questionamentos.
Protestos em Paris e Críticas à Loja Física
A ameaça do ministro Lescure surge poucos dias antes da inauguração da primeira loja física permanente da Shein em Paris, localizada dentro da loja de departamentos BHV Marais. Uma petição online contra a presença da marca na capital francesa já reuniu mais de 100 mil assinaturas.
Frederic Merlin, presidente da Sociedade das Grandes Lojas (proprietária da BHV), classificou a venda das bonecas na plataforma da Shein como “indecente” e “inaceitável”, garantindo que “nenhum produto do marketplace internacional da Shein” será vendido na loja de departamentos. A ONG de proteção à infância Mouv’Enfants realizou um protesto na BHV, com seu cofundador, Arnaud Gallais, afirmando que “enquanto essas bonecas estiverem disponíveis em algum lugar do mundo, a empresa continuará sendo cúmplice de um sistema que permite crimes sexuais contra crianças”.
Fundada na China em 2012 e atualmente sediada em Singapura, a Shein alcançou ascensão meteórica, tornando-se líder global em fast fashion e entregando para 150 países, apesar das críticas persistentes sobre suas práticas trabalhistas e histórico ambiental.
Com informações de Metrópoles










