Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

A investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que descobriu um suposto esquema de fraudes milionárias contra o Banco do Brasil identificou que um dos investigados tentou aliciar uma gerente da instituição para que ela integrasse o grupo ou vendesse a senha de acesso aos sistemas do banco.

Segundo a polícia, trocas de mensagens coletadas pela investigação mostram que o suspeito chegou a oferecer R$ 500 mil em troca da participação da gerente no esquema de golpes. “Qual é a sua função? Gostaria de uma ajuda?”, questionou ele. A gerente, sem saber com quem estava falando, perguntou quem era e como a pessoa havia conseguido o telefone dela.

Diante do questionamento, o golpista disse que tinha uma proposta para oferecer. “Pago R$ 200 mil na sua senha, tenho uma forma de trabalhar que não te prejudica em nada”, disse ele. O pagamento seria dividido em duas partes: R$ 100 mil antes e R$ 100 mil depois da realização do serviço.

A gerente negou a oferta. O investigado chegou a dizer: “A gente alinhando conseguiria pôr uns R$ 500 mil no seu bolso”. O caso vem sendo investigado pela polícia e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) há meses. Os mandados judiciais começaram a ser cumpridos em julho deste ano.

Desvio de R$ 40 milhões

As diligências descobriram que o grupo criminoso teria acessado sistemas do Banco do Brasil para obter dados dos clientes e desviar quantias. A estimativa da força-tarefa criada para investigar o caso é que o prejuízo tenha ficado em torno de R$ 40 milhões.

Ao todo, só nessa quinta-feira (21/11) foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão contra 11 investigados nas zonas norte e oeste do Rio, Niterói e São Gonçalo. Agentes da Delegacia de Roubo e Furtos (DRF) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) apreenderam equipamentos eletrônicos e 32 cartões magnéticos.

Entre os investigados, estão, também, funcionários e terceirizados do Banco do Brasil. Segundo a Polícia Civil, os suspeitos utilizavam dispositivos eletrônicos clandestinos para acessar sistemas internos de agências bancárias e obter dados sigilosos dos clientes.

Os ataques registrados pela investigação ocorrem desde dezembro de 2023, em agências localizadas no Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca, Vila Isabel e Centro, na cidade do Rio de Janeiro, e também em unidades de Niterói, Tanguá, Nilópolis e Duque de Caxias.

O que diz o Banco do Brasil

Em nota, o Banco do Brasil esclareceu que essa foi mais uma fase da operação iniciada em julho deste ano. “As investigações iniciaram a partir de apuração interna, que detectou irregularidade, as quais foram comunicadas às autoridades policiais”, informa o banco.

“O BB possui processos estabelecidos para monitoramento e apuração de fraudes contra a instituição, adotou todas as providências no seu âmbito de atuação e colabora com as investigações do caso”, conclui.

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