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Desde 2020, ator francês responde a 20 acusações, de abuso a estupro. Além de condenado a 18 meses de prisão e ter que pagar mais de 10 mil euros a cada vítima, seu nome será incluído no cadastro de agressores sexuais.Após quatro audiências, o Tribunal Penal de Paris condenou nesta terça-feira (13/05) o ator Gérard Depardieu a 18 meses de prisão, com pena suspensa, por agressões sexuais a duas profissionais do cinema em 2021, durante filmagens. O réu, de 76 anos, não compareceu ao pronunciamento do veredicto.

O julgamento iniciado em 27 de março de 2025 é o primeiro relativo às 20 queixas, de abuso a estupro, por que o francês responde. Além da pena de prisão, seu nome será incluído no registro de agressores sexuais. Na decisão, o tribunal “teve em conta a idade do réu, a deterioração do seu estado de saúde e sua posição sobre os fatos, que contesta, uma vez que não parece compreender o conceito de consentimento”.

O promotor pedira uma pena que “levasse em conta a total falta de remorsos” do réu. Rejeitando os argumentos da defesa, o tribunal considerou mais sólido o depoimento das vítimas e levou em consideração outras provas, como mensagens enviadas por elas a pessoas próximas– assim como os depoimentos de quatro outras mulheres sobre agressões sexuais pelo réu entre 2007 e 2015.

Após a audiência, o advogado de Depardieu, Jérémie Assous, anunciou que vai recorrer da sentença, e criticou fortemente a decisão do tribunal, sob a premissa de que nesse tipo de caso “não há direito à defesa”, pois “assim que é acusado de um crime sexual, você é automaticamente considerado culpado”. Ao requerer a absolvição, a defesa alegara a existência de uma conspiração para derrubar o ator.

“Fim da impunidade para um artista de cinema”

Depardieu foi condenado, ainda, a pagar mais de 10 mil euros a cada uma das mulheres. Citadas pelos nomes fictícios de “Amélie” e “Sarah”, elas são, respectivamente, a cenógrafa, de 54 anos, e a assistente de direção, de 34 anos, do filme Les volets verts (“As persianas verdes”, só lançado na França, Bélgica e Reino Unido), de Jean Becker.

“Amélie” relatou que ele a prendera entre as pernas, enquanto lhe “massageava as nádegas e os seios” e fazia comentários de caráter sexual. Dizendo-se “muito emocionada”, comentou à imprensa: “Estou muito satisfeita com esta decisão, é uma vitória para mim. Foi feita justiça.”

Sua advogada, Carine Durrieu-Diebolt, recordou as demais acusações que Depardieu acumula e frisou que “já não se pode continuar dizendo que ele não seja um abusador sexual”. Por isso, espera “que este seja o fim da impunidade para um artista da indústria cinematográfica”.

O ator francês está sob investigação por violação e agressão sexual desde 2020. O primeiro processo, por estupro, ainda inconcluso, foi aberto pela atriz Charlotte Arnould, cuja denúncia abriu caminho para as demais.

Melhor ator de Cannes em 1990 e indicado para o Oscar, Gérard Depardieu foi durante décadas um dos nomes mais famosos do cinema francês. Os quase 250 filmes em seu currículo vão de clássicos como 1900, O último metrô, Danton e Cyrano de Bergerac, à versão cinematográfica da série de HQ Asterix, em que representou o gordo Obelix.

Desde o início de maio o ator está em São Miguel, Açores, atuando no longa-metragem Ela olhava sem nada ver, dirigido pela também atriz francesa Fanny Ardant, que o tem apoiado perante as acusações.

(av/bl (EFE,Lusa)

Com informações de IstoÉ

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