Foto: Moisés Henrique/Ipaam

Com sinais crescentes de degradação ambiental, o Rio Tarumã-Açu voltou a ser alvo de monitoramento nesta quinta-feira (7/8) por parte do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A ação, realizada na zona oeste de Manaus, faz parte do Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do Estado (ProQAS/AM) e busca atualizar os dados sobre a qualidade da água em um dos rios mais utilizados para lazer e instalação de flutuantes na capital.

A análise dos parâmetros que compõem o Índice de Qualidade da Água (IQA) integra um esforço técnico-científico para subsidiar decisões sobre o uso sustentável da bacia hidrográfica. De acordo com o diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, preservar o Tarumã-Açu significa proteger não apenas o meio ambiente, mas também a saúde pública. “É uma ação que assegura o direito coletivo a um ambiente equilibrado”, afirmou.

O gerente de Recursos Hídricos do Ipaam, Daniel Nava, destacou que o monitoramento ocorre há anos em parceria com a UEA, com coletas nos períodos de cheia e vazante. Segundo ele, os resultados obtidos em 2023 já indicavam queda acentuada na qualidade da água. “O rio mostrou sinais claros de alerta. Por isso, decidimos interromper o licenciamento de novos flutuantes naquela região”, explicou.

Entre os fatores que agravam a situação, Nava apontou a ausência de um Plano Diretor de Saneamento para Manaus. “Sem tratamento de esgoto, os igarapés da cidade continuam lançando resíduos diretamente no Tarumã, comprometendo a capacidade de depuração natural do rio e tornando suas águas impróprias para banho em diversos trechos”, alertou. Ele também afirmou que o Ipaam e a UEA estão desenvolvendo indicadores de balneabilidade para consulta pública online.

O pesquisador Rafael Lopes, doutor em Biotecnologia e integrante do ProQAS/AM, informou que o índice de qualidade da água é calculado com base em nove parâmetros principais, incluindo pH, coliformes fecais, oxigênio dissolvido e turbidez. Ao todo, são avaliados 164 indicadores. “Quando o IQA fica abaixo de 50, é um sinal crítico para o uso humano da água”, reforçou.

O estudo também dará suporte à elaboração do Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica do Tarumã-Açu, que está sendo desenvolvido pelo Ipaam em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), a UEA e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu (CBHTA).

Divulgação dos dados

Os resultados da nova análise serão apresentados no dia 12 de agosto, durante evento no auditório do Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP), sede do Ipaam. A apresentação técnica será conduzida pelo professor da UEA, Sergio Duvoisin Junior, doutor em Físico-Química e coordenador do ProQAS/AM.

O documento final será encaminhado a órgãos de controle ambiental, Judiciário, Prefeitura de Manaus, Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), CBHTA e outras instituições públicas.

Por fim, Rafael Lopes convidou a sociedade civil a acompanhar o evento. “É importante que a população entenda os impactos ambientais e participe das discussões sobre o futuro do Tarumã-Açu”, concluiu.

Coordenado por doutores e composto por profissionais de diversas áreas, o ProQAS/AM conta com o apoio de pesquisadores e estudantes de mestrado e doutorado em Engenharia Florestal, Química, Biologia e Matemática, garantindo análises científicas robustas para a preservação dos recursos naturais do estado.

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