
Em meio a tensões internacionais, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, declarou nesta quinta-feira (3/7) que o país permanece comprometido com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e com o Acordo de Salvaguardas, mesmo após a aprovação de uma nova legislação que suspende a cooperação direta com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A declaração ocorre um dia após o presidente iraniano, Masoud Pazeshkian, sancionar uma lei que restringe o acesso da AIEA às instalações nucleares do país, condicionando as inspeções a garantias de segurança.
“O Irã continua comprometido com o TNP e seu Acordo de Salvaguardas. De acordo com a nova legislação, nossa cooperação com a AIEA será conduzida por meio do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã por razões óbvias de segurança”, afirmou Araghchi, em publicação na rede social X.
Contexto da tensão
O novo posicionamento de Teerã surge após a resolução aprovada pela AIEA em 12 de junho, que acusa o Irã de descumprir suas obrigações de transparência no programa nuclear, especialmente pelo enriquecimento de urânio a 60% — nível considerado próximo ao necessário para a fabricação de uma arma nuclear. O limite para fins civis, geralmente, é de até 5%.
A resolução foi seguida por ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, o que o governo do Irã classifica como “atos ilegais”, supostamente apoiados por países ocidentais.
Reação diplomática
Abbas Araghchi respondeu diretamente ao governo da Alemanha, que apoiou a resolução da AIEA, acusando Berlim de respaldar ações militares israelenses contra o Irã. “Apoiando o ataque ilegal de Israel ao Irã, inclusive a instalações nucleares protegidas, a Alemanha participa de um ‘trabalho sujo’ em nome do Ocidente”, escreveu.
Já o embaixador do Irã nas Nações Unidas, Amir-Saeid Iravani, reforçou que o enriquecimento de urânio pelo Irã “nunca vai parar”, defendendo o programa como estritamente pacífico, conforme permitido pelo TNP.
Impasse internacional
A decisão de submeter a cooperação com a AIEA ao Conselho de Segurança iraniano aprofunda o impasse com o Ocidente e pode dificultar negociações futuras sobre o programa nuclear iraniano. Ao mesmo tempo, o Irã reitera que não pretende abandonar o TNP, embora especialistas alertem que o alto grau de enriquecimento do urânio e as limitações às inspeções aumentam as preocupações com uma eventual militarização nuclear.
Com informações de Metrópoles