Segundo o credo bolsonarista, se Cristo pudesse dispor de armas de fogo, ele e seus apóstolos viveriam cercados do que de melhor houvesse em termos de fabricação de armamentos. Só na cabeça de um insano poderia passar semelhante ideia. Mesmo os que não cultivam nenhuma crença religiosa hão de saber, como eu sei, que a figura do Nazareno não é de molde a inspirar qualquer sentimento belicista. Muito pelo contrário. Mas o Bozo, com sua psicose armamentista, quer ver armas até nas mãos e nas ações do fundador do cristianismo.

Imaginem Jesus dizendo a Pedro: “As ruas da Galileia não estão muito seguras e nós temos que ir a um encontro hoje à noite. Dá-me aquele colt 45 e para ti leva aquele fuzil R15. Assim, se nós formos emboscados pelos fariseus, estaremos prontos para revidar, com muitas possibilidades de nos sairmos bem”. E assim Pedro, antes de ser o primeiro Papa, desempenharia o papel de mantenedor do arsenal.

Pregando, o Cristo diria: “Deixai vir a mim as criancinhas. Mas que venham todas portando seus revólveres calibre 22, porque se tenho que brincar com elas, quero que a brincadeira seja de camone. Assim elas vão aprendendo desde cedo que as armas são tão indispensáveis para a vida quanto o ar que respiramos”.

Dos apóstolos, eram pescadores o próprio Pedro, Tiago, João, André e Filipe. Pois muito que bem. Segundo o evangelho bolsomínico, a multiplicação dos peixes se passou de modo muito diferente do que está relatado na Bíblia. Na verdade (é o que apregoa Paulo Guedes seguindo os ensinamentos de seu mestre), deu-se que Jesus, vendo que só dispunha de cinco peixes, deu uma bronca nos pescadores e os mandou de volta ao rio com a determinação expressa de largarem de mão as redes e passarem a usar bombas. “Assim teremos muito mais peixes, mesmo que os ecochatos fiquem reclamando”, teria sido a ponderação do Homem de Nazaré.

Judas Iscariotes, diz Bozo, não se vendeu por trinta moedas. Nada disso. Ele cobiçava há muito tempo uma espingarda de dois canos que vira em poder de um centurião. Vai daí que, na primeira oportunidade, acertou com o oficial romano dedurar o Cristo, desde que lhe fosse entregue aquela arma, que ele achava magnífica. Se assim pensou, melhor o fez. Mas, como naquela época ainda não existia (para a felicidade de todos) dupla sertaneja, a espingarda ficou sem uso, até o momento em que o traidor, tomado pelo remorso, a disparou contra o próprio rosto. É mera invencionice a versão de que Judas se enforcou num ramo de figueira. Bozo jura de pés juntos que a coisa se passou exatamente como aqui foi relatado.

Discursando na montanha, Jesus teria bradado: “Bem aventurados os que têm ódio no coração, porque deles será a presidência do Brasil. Bem aventurados os que pregam a violência, porque a eles está reservado lugar no hospício. Bem aventurados os que endeusam um idiota, porque deles será o reino da sandice”.

Essa psicose belicista do atual presidente já começou a surtir seus efeitos. O homicídio ocorrido no Paraná é fruto, ainda que indireto, da política de ódio e intolerância que se ouve a cada vez que Bozo abre a boca. Tomara que não haja recrudescimento. Afinal de contas, estamos nos preparando para uma eleição e não para uma guerra. Entendo que os bolsominions, tomados pelo desespero, estejam apelando para a ignorância. Não devemos e não podemos seguir-lhes os passos. A sensatez haverá de prevalecer sobre a estupidez.

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