Um jovem de 29 anos, natural de Uganda, despertou do coma após um grave acidente de bicicleta em Londres com memórias de eventos que jamais aconteceram. Alpha Kabeja foi atropelado por uma van e, apesar de não apresentar ferimentos visíveis, perdeu a consciência e foi levado às pressas ao hospital por testemunhas.
No hospital, uma tomografia revelou uma grave lesão: o cérebro de Kabeja havia se deslocado para o lado esquerdo, exigindo uma cirurgia de emergência para aliviar a pressão intracraniana. Parte do crânio precisou ser removida. Após o procedimento, os médicos alertaram a família sobre a possibilidade de coma prolongado e danos permanentes à memória.
Contra as expectativas, três semanas depois, Alpha recobrou a consciência. Reconheceu seu nome e informações básicas da sua vida, mas passou a relatar lembranças inexistentes: disse que sua namorada estava grávida de gêmeos, que havia guardado um ultrassom em um de seus livros e que trabalhava para o serviço secreto britânico, utilizando jatos particulares.
Memórias criadas pelo cérebro
Segundo os médicos, Kabeja apresentava um quadro de amnésia pós-traumática. Trata-se de uma condição comum em lesões cerebrais graves, em que o cérebro, ao tentar restaurar a sensação de continuidade, cria memórias fictícias.
“Essas lembranças não são mentiras intencionais. São construções mentais que o cérebro produz para preencher as lacunas deixadas pelo trauma”, explicaram os especialistas.
Alpha, ao compreender a origem dessas memórias, buscou entender o que elas significavam. “Crianças ressoam com meu subconsciente porque, na época do meu acidente, todos ao meu redor estavam esperando filhos. E gêmeos são comuns na minha família”, contou ao jornal El Tiempo.
Superação emocional
Apesar de fictícias, essas lembranças desempenharam um papel emocional importante em sua recuperação. “Mesmo irreais, essas memórias me deram conforto e estrutura num momento em que tudo parecia confuso”, declarou.
Hoje, Kabeja segue em processo de reabilitação e tenta reconstruir sua vida, agora consciente das limitações e das marcas deixadas pelo acidente.
Com informações de Correio 24 Horas
