O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) determinou, nesta quinta-feira (15), o afastamento de Ednaldo Rodrigues do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão foi proferida pelo desembargador Gabriel Zefiro e nomeia o vice-presidente Fernando Sarney como interventor responsável por conduzir novas eleições na entidade.

Esta é a segunda vez que Ednaldo Rodrigues é afastado do comando da CBF por decisão judicial. De acordo com a sentença, Fernando Sarney, filho do ex-presidente da República José Sarney, assumirá interinamente a administração da CBF e ficará encarregado de convocar e conduzir o processo eleitoral para formação da nova diretoria, respeitando os prazos previstos no estatuto da entidade.

“Determino o afastamento da atual diretoria da CBF e que o vice-presidente Fernando José Sarney realize a eleição para os cargos diretivos na qualidade de interventor, o mais rápido possível, obedecendo-se os prazos estatutários”, escreveu Zefiro na decisão.

Suspeita sobre assinatura de Coronel Nunes motivou decisão

O afastamento de Ednaldo tem como base a suspeita de irregularidade em um acordo firmado em janeiro de 2025, que visava pacificar o processo eleitoral da CBF. O documento foi assinado por diversos dirigentes da entidade, incluindo o ex-presidente Coronel Nunes, cujo estado de saúde gerou dúvidas sobre sua capacidade de manifestação de vontade no momento da assinatura.

Relatórios médicos apresentados nos autos indicam que o Coronel Nunes sofre de déficit cognitivo decorrente de uma cirurgia relacionada a um câncer no cérebro. Um dos principais documentos foi emitido em junho de 2023 pelo médico Jorge Pagura, que também integra a comissão médica da CBF.

Além disso, uma perícia contratada pelo vereador Marcos Dias (Podemos) apontou divergências nas assinaturas atribuídas a Nunes. A especialista Jacqueline Tirotti, autora do laudo, concluiu pela “impossibilidade de vinculação do punho” ao ex-dirigente. A análise também destacou a ausência de rubricas e de grampeamento entre as folhas do acordo, elementos que fragilizam a autenticidade do documento.

A CBF, em nota, criticou a divulgação do laudo pericial, classificando-a como “espetacularização midiática” e alegando que o parecer está sendo usado por terceiros “estranhos ao processo”.

Reação nos bastidores e ausência em audiência

Nos bastidores da CBF, já havia expectativa de uma decisão desfavorável a Ednaldo Rodrigues. O dirigente estava no Paraguai nesta quinta-feira, participando do Congresso da Fifa, enquanto crescia a pressão interna e jurídica por seu afastamento.

O episódio que selou a decisão judicial foi a ausência do Coronel Nunes em audiência marcada pela Justiça, na qual ele poderia esclarecer a validade de sua assinatura. Para o desembargador Gabriel Zefiro, os indícios de incapacidade mental são robustos e suficientes para anular o acordo, o que levou à destituição da atual diretoria.

“Há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente”, escreveu Zefiro na decisão.

Próximos passos

Com o afastamento oficializado, Fernando Sarney assume o controle da entidade com poderes administrativos plenos até que a nova diretoria seja eleita. Ele será o responsável por organizar o pleito que definirá os rumos do futebol brasileiro nos próximos anos.

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