
A Justiça de Roraima concedeu, na sexta-feira (23), liberdade provisória ao tenente da Polícia Militar, Hildegardo Freitas da Silva, de 49 anos, que havia sido preso na quinta-feira (22) sob a acusação de maltratar cachorros em sua residência, localizada em Boa Vista. A decisão foi assinada pelo juiz Alexandre Magno Magalhães Vieira, durante audiência de custódia.
Hildegardo foi detido após denúncias feitas por vizinhos, que relataram constantes latidos e choros de cães vindos de sua casa. Um Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado por uma vizinha que se mostrou preocupada com o bem-estar dos animais. No momento da prisão, o tenente resistiu, provocando uma confusão generalizada com os agentes da polícia.
Apesar de conceder a liberdade provisória, o juiz impôs uma série de medidas cautelares ao tenente. Entre elas estão:
- Comparecimento bimestral no Fórum Criminal Ministro Evandro Lins e Silva;
- Obrigatoriedade de manter endereço e contato telefônico atualizados;
- Proibição de se ausentar da comarca por mais de 08 dias sem autorização judicial;
- Comparecimento obrigatório a todos os atos processuais aos quais for intimado.
Na decisão, o magistrado justificou que, apesar do tenente não ser primário, ele possui endereço fixo e uma ocupação lícita, o que sugere que poderá ser localizado para os atos da instrução criminal. Por isso, a prisão preventiva não foi considerada a medida mais adequada neste momento.
Após as denúncias, a Polícia Militar informou que acompanha o caso de perto e garantiu que todas as providências legais serão tomadas em conjunto com a Polícia Civil para esclarecer o ocorrido. Em nota, a corporação repudiou veementemente qualquer ato criminoso ou comportamento que viole os princípios da ordem, disciplina e moral que regem a profissão de policial militar.
Os vizinhos relataram que os latidos e choros dos cães são frequentes na casa do tenente. Nos vídeos gravados pelos vizinhos, é possível ouvir os gemidos altos dos animais, mas não se consegue identificar quem pratica as agressões, nem quantos animais foram maltratados. Segundo depoimentos, Hildegardo possui cerca de 30 cães, que continuam em sua residência e não foram resgatados até o momento.
Durante a abordagem policial, a situação se agravou quando uma pessoa que se identificou como advogado do tenente pegou uma arma e a apontou para os policiais, recusando-se a entregá-la. A atitude resultou em uma confusão, com o advogado agredindo fisicamente os agentes. Ele foi imobilizado, desarmado e, posteriormente, o tenente foi preso. O caso foi registrado na Central de Flagrantes.
A liberação provisória de Hildegardo Freitas da Silva gerou comoção e preocupação entre os defensores dos direitos dos animais, que aguardam a continuidade das investigações e a aplicação das devidas sanções. O caso também levantou questionamentos sobre a conduta de agentes públicos e a eficácia das medidas protetivas em situações de maus-tratos a animais.