“A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”, disse Lula.
Em seguida, o presidente afirmou que as instituições de Bretton Woods desconsideram as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento. “O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico.”
Lula ainda tocou no tema da sustentabilidade, afirmando que os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro. “Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo”, apontou.
Em trecho final do discurso, que acabou cortado pela transmissão oficial por exceder o tempo, Lula defendeu: “Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos”.
Lula em NY
Lula está em Nova York para participar da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. Ele permanecerá em solo norte-americano até a próxima quarta-feira (25/9), onde tem compromissos e reuniões bilaterais. Um dos encontros será com o francês Emmanuel Macron.
A visita de Lula ocorre em meio às queimadas que assolam grande parte do Brasil, além do período de estiagem histórica do país.
Na Cúpula do Futuro, é esperado que os representantes das nações assinem um pacto com compromissos para o futuro, relacionados a temas como desenvolvimento sustentável, paz e segurança internacionais, ciência, tecnologia, dentre outros.
Aliança contra a Fome
No discurso, Lula ainda citou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada pela Presidência brasileira no G20. “Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso”, disse ele.
O presidente também fez menção à possibilidade de o mundo conviver com ameaças nucleares e disse ser “inaceitável” regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência.
Acompanharam o discurso de Lula na Sede das Nações Unidas, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja; os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente); e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); além do assessor especial da Presidência, Celso Amorim. Com Metrópoles.