Geraldo Alckmin, Lula e Rui Costa (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Durante uma reunião ministerial realizada na última segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que, apesar de sua intenção de concorrer à reeleição em 2026, não descarta apoiar um sucessor caso as circunstâncias o levem a essa decisão. A declaração, divulgada pelo jornal Valor Econômico, gerou preocupações entre aliados e na cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT), que avaliam os desafios de consolidar um nome forte para a disputa presidencial.

A incerteza sobre a candidatura de Lula trouxe à tona preocupações estratégicas dentro do partido. Segundo lideranças petistas, a ausência de um plano B robusto pode enfraquecer a aliança de centro-esquerda liderada pelo PT. Nomes como Fernando Haddad (ministro da Fazenda), Camilo Santana (ministro da Educação) e Rui Costa (ministro da Casa Civil) são mencionados como possíveis sucessores, mas há dúvidas sobre a capacidade de qualquer um deles de herdar o protagonismo político de Lula. Uma liderança do partido, em condição de anonimato, afirmou que “nenhum dos três está plenamente preparado para conduzir a legenda em uma disputa presidencial.”

Outro ponto levantado por interlocutores do governo é a dificuldade de atrair setores de centro sem Lula na cabeça de chapa. Um aliado político destacou que a presença do presidente como candidato seria fundamental para impedir o fortalecimento da oposição, que já articula antecipadamente a disputa eleitoral.

Lula mencionou ainda que fatores pessoais, como sua saúde, terão um peso importante na decisão sobre a candidatura. O presidente relembrou recentes problemas de saúde, incluindo uma cirurgia após uma queda doméstica e um incidente envolvendo seu avião em viagem ao México. Dois ministros relataram que Lula destacou a necessidade de o governo melhorar sua performance e ampliar suas entregas para fortalecer a base eleitoral, seja para uma eventual candidatura sua ou para preparar um sucessor.

Na reunião, o presidente fez uma referência ao caso do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teria demorado a decidir sobre sua candidatura, prejudicando sua vice, Kamala Harris. A comparação gerou ainda mais discussões internas sobre a necessidade de uma definição clara da estratégia eleitoral do PT.

Integrantes da direção petista avaliam que os potenciais candidatos precisam fortalecer a conexão com a população. Há críticas de que Fernando Haddad tem focado demasiadamente no diálogo com o mercado financeiro, em detrimento das demandas populares. “Ele precisa falar mais com o povo e menos com os investidores”, ressaltou um dirigente do partido.

Apesar das especulações, interlocutores próximos ao presidente reforçam que Lula mantém sua intenção de disputar a reeleição e que nenhuma movimentação para definir um substituto está sendo permitida no momento. “Se a eleição fosse hoje, Lula seria o único nome viável para representar o PT”, afirmou uma fonte ligada à cúpula petista.

A fala de Lula surge em um contexto de crescente antecipação do debate eleitoral pela oposição. Durante a reunião, transmitida em parte ao vivo, o presidente ressaltou: “2026 já começou. Basta ver o que está acontecendo nas redes sociais para perceber que a campanha já está em andamento.” Nos momentos reservados da reunião, Lula cobrou mais resultados concretos do governo e uma comunicação mais eficaz para garantir o fortalecimento do partido rumo às eleições.

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