
NICE (FRANÇA) – O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a se posicionar contra a abertura de novas frentes de exploração de combustíveis fósseis na região amazônica, sugerindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reavalie os projetos em andamento na Foz do Rio Amazonas. A declaração foi dada nesta terça-feira (10/6), à margem da 3ª Conferência da ONU sobre os Oceanos, realizada na cidade de Nice, um dia após a visita oficial de Lula ao país europeu.
Durante participação em um programa de televisão dedicado à proteção dos oceanos, Macron comentou diretamente os apelos feitos pelo cacique Raoni e por seu neto, Tau Metuktire, do povo Kayapó. Ambos pediram apoio à França para barrar os planos de exploração de petróleo na costa brasileira.
“Seria bom que ele (Lula) optasse por não abrir novos projetos de combustíveis fósseis. Nosso país já adotou essa moratória, especialmente na Guiana Francesa. Mas não cabe a mim dar lições. Tentarei convencê-lo novamente na COP de Belém”, afirmou Macron, ressaltando a importância de alternativas econômicas que preservem o clima e gerem empregos de forma sustentável.
A manifestação de Macron ocorre às vésperas de um megaleilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que prevê a oferta de blocos para exploração na Margem Equatorial, incluindo a Foz do Amazonas. Em vídeo enviado ao presidente francês, o líder indígena Raoni, de 93 anos, fez um apelo direto: “Não quero exploração de petróleo no fundo do oceano e na foz dos rios. Ajude-me a parar esse projeto. Pedi isso ao Lula, agora peço também a você”.
Na bancada do programa da emissora France 2, montada na praia de Nice, Tau Metuktire reforçou o compromisso da juventude indígena com a defesa ambiental. “Estamos preocupados em perder novamente nossos territórios. Já fomos expulsos do litoral, agora a ameaça chega pela costa novamente”, disse.
Em entrevista à Rádio França Internacional (RFI), Tau destacou que proteger os oceanos também exige preservar os rios. “O rio e o mar estão conectados. A natureza é uma só. O desmatamento e o uso de agrotóxicos poluem nossos rios e causam doenças graves nas comunidades indígenas.”
A Conferência da ONU sobre os Oceanos segue até sexta-feira (13), reunindo representantes de mais de 120 países em torno de compromissos voluntários para preservação marinha. A proteção dos oceanos ainda é o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) menos financiado pelas nações, segundo os organizadores do evento.
Com informações de Metrópoles