O ex-policial militar Maxuel Vukapanavo morreu, na Ucrânia, em fevereiro de 2024. Ele é um dos nomes presentes na "Wikipedia" russa de mercenários - Reprodução/Foreign Combatants

Pelo menos vinte brasileiros que foram à Europa para lutar ao lado das tropas da Ucrânia estão desaparecidos após combates recentes com o exército russo. A informação foi confirmada por fontes diplomáticas ucranianas ao portal Metrópoles.

Na linguagem diplomática e militar, combatentes com status de desaparecidos geralmente são considerados mortos, mesmo que seus corpos ainda não tenham sido localizados.

Desde o início do conflito, em 2022, o governo brasileiro já confirmou a morte de nove cidadãos que participaram diretamente da guerra. Outros 14 já haviam sido declarados como desaparecidos. Com os novos casos, o número pode ultrapassar os 30 brasileiros sem paradeiro conhecido.

Guerra no Leste Europeu

  • A guerra entre Rússia e Ucrânia completa mais de três anos, sem uma solução pacífica.

  • De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR), mais de 13,3 mil civis morreram desde o início do conflito.

  • Negociações diplomáticas foram retomadas em janeiro de 2025 com a mediação do presidente norte-americano Donald Trump.

  • Uma proposta de cessar-fogo de 30 dias apresentada pelos Estados Unidos foi aceita pela Ucrânia, mas rejeitada pela Rússia, que sugeriu uma trégua mais curta.

  • Rodadas de negociação entre Moscou e Kiev, realizadas na Turquia, ainda não trouxeram avanços concretos.

Presença brasileira nos dois lados do conflito

A guerra atraiu combatentes estrangeiros por motivos ideológicos e financeiros. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez apelo público, logo nos primeiros meses do conflito, para que cidadãos do mundo se unissem às forças da Ucrânia. Foi então criada a Legião Internacional de Defesa Territorial, oferecendo salários entre US$ 550 e US$ 4.800.

Apesar de em menor número, também há brasileiros lutando pelas forças russas. Com isso, o conflito passou a incluir uma espécie de “caçada a mercenários” de ambos os lados.

Recentemente, o projeto Quero Viver, vinculado ao Ministério da Defesa da Ucrânia, divulgou uma lista com 38 brasileiros supostamente combatendo ao lado da Rússia. Do lado russo, um portal similar, o Foreign Combatants, reúne perfis de estrangeiros que lutam com os ucranianos.

Casos recentes e riscos crescentes

Entre os casos mais recentes está o do brasileiro Raphael Paixão, de 26 anos, que perdeu parte da perna esquerda após pisar em uma mina terrestre durante combate. Ele ficou desaparecido por quase um mês, até conseguir chegar a um hospital após se arrastar por cerca de 9 km. O caso ocorreu na região de Imperatriz (MA), onde vive sua família.

Apesar dos riscos e do número crescente de mortos e desaparecidos, brasileiros continuam viajando à zona de conflito. Em mensagens trocadas em grupos do aplicativo Telegram, há relatos de novos voluntários se preparando para embarcar rumo à Ucrânia.

“Bom dia a todos. Já dei entrada no meu passaporte. Tá chegando a hora de ir ajudar a Ucrânia”, escreveu um usuário brasileiro em 20 de junho, em um grupo dedicado a estrangeiros alistados.

Itamaraty ainda não se posicionou

O Metrópoles procurou o Ministério das Relações Exteriores para comentar os novos dados sobre desaparecimentos, mas até a publicação da matéria, não houve resposta oficial. O espaço permanece aberto para futuras manifestações do governo.

Com informações de Metrópoles

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