Época houve em que todos os anos eu ia a Parintins, no final de junho, obviamente para degustar o Festival e desfrutar da hospitalidade de Alfredo Santana, que, infelizmente, achou de morrer. Muita saudade. Pois bem. A viagem era de barco, aliando o consumo de um bom uísque com a contemplação da exuberante natureza amazônica. O espetáculo, na arena, era sempre um deslumbramento. A criatividade dos artistas da terra nunca deixou de me impressionar. Trabalhando sobre o mesmo tema, conseguem revelar uma versatilidade que chega a raiar o gênio.

A viagem em si mesma, porém, ensejava, num aspecto, uma visão entristecedora e desrespeitosa. Como eram milhares de pessoas a seguir para o mesmo destino, era possível vislumbrar, na esteira dos barcos, uma fileira gigantesca de latas de cerveja e refrigerante, boiando ao sabor do banzeiro e agredindo a dignidade do rei dos rios. Entremeavam-se a esses objetos sacos de plástico e outras inutilidades, descartadas levianamente da amurada das embarcações. Lembrava o cenário da história de João e Maria, como se se marcasse um caminho de ida e volta. Era revoltante.

Felizmente, verifiquei, nas minhas derradeiras idas, que a coisa melhorou. Ainda é possível detectar, aqui e ali, o produto do comportamento de algum alienado mental, que reproduzindo talvez o ambiente doméstico, insiste em se cercar de lixo. No grosso, porém, o tal “caminho” já não existe.

Essa melhora, contudo, não esgota o assunto. Ainda conseguimos perceber, na órbita ambiental, um desrespeito que não se coaduna com os nossos desejos de metrópole das selvas. Manaus está a precisar de um choque de ordem, tão intenso e sério que traga o povo em massa para cultivar e divulgar a ideia de que amar a cidade implica necessariamente em lhe tributar respeito. Não se trata do tolo pensamento da intocabilidade, até porque ele é irrealizável. Cuida-se, pois, mais de responsabilidade no trato com as coisas da natureza, de forma a ensejar a convivência pacífica e produtiva.

Ouço o clamor da jornalista Márcia Rosa: “Manaus merece um ambiente inteiro bem cuidado, com bens naturais protegidos, espaços públicos democráticos, acessíveis e amigáveis, ocupados com nossa cultura, fortalecida e valorizada, com direitos respeitados, com oportunidades de trabalho e renda e com garantia de comida na mesa de todos”. E prossegue, numa mensagem que eu encampo e subscrevo integralmente como candidato a vereador: “Proteção ao meio ambiente vai muito além de projetos ambientais, mas passa, necessariamente, por eles. Manaus precisa, sim, ser mais moderna, dinâmica e pujante. E tais avanços exigem responsabilidade do poder público com o patrimônio natural, incluindo as áreas verdes e as águas da cidade, com projetos sustentáveis em todas as áreas.”

De tudo posso concluir que hei de ter como uma das minhas primeiras prioridades a apresentação de projeto de lei que torne obrigatória a inclusão da educação ambiental na grade curricular do ensino fundamental, de responsabilidade do município. A par disso, serão feitas tratativas com as escolas particulares no sentido de que adotem a educação ambiental em seus respectivos currículos escolares.

É um passo gigante, mas indispensável. Afinal, Manaus, quem ama, respeita. Por isso, divulgo o número 13339 para vereador, com Marcelo 13, para prefeito.

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