Dhyeizo Lemos / Semcom-Prefeito

Manaus reafirmou sua posição de destaque na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) nesta terça-feira, ao apresentar um modelo de saneamento básico em áreas vulneráveis da Amazônia urbana que já se tornou referência. A experiência da capital amazonense foi celebrada no estande do Instituto Aegea, onde o prefeito David Almeida sublinhou os avanços históricos da cidade e o papel crucial das metrópoles amazônicas na agenda climática global.

“Estou visitando o estande do Instituto Aegea, que é responsável pelo tratamento do esgoto da cidade de Manaus, por meio da Águas de Manaus. Aqui temos o exemplo do ‘beco do Nonato’, referência para o Brasil em saneamento básico em palafitas. Avançamos de 16% para 38% no esgoto tratado da cidade. Manaus está mostrando que é possível levar dignidade, saúde e desenvolvimento, mesmo nos territórios mais desafiadores”, declarou o prefeito.

Adaptação Urbana e Inclusão Social

O projeto foi apresentado como um exemplo de adaptação urbana, alinhado aos eixos centrais da COP30: justiça climática, inclusão e financiamento. Manaus, reconhecida pelo Centro de Liderança Pública (CLP) como a capital mais sustentável do Brasil, demonstra como a inovação social e a engenharia aplicada podem transformar comunidades ribeirinhas historicamente negligenciadas. Essa abordagem prepara essas áreas para eventos extremos, como as cheias cíclicas, e mitiga as vulnerabilidades associadas à crise climática.

Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea, elogiou o caráter pioneiro do projeto e a visão estratégica da gestão municipal. “A região Norte ainda enfrenta grande carência de saneamento. Em Manaus, aprendemos a fazer saneamento em palafitas, muito pela visão do prefeito David, que nos apoiou a olhar para essas comunidades. Criamos a Tarifa 10, desenvolvemos tubulação suspensa adaptada ao ciclo dos rios, e essa expertise já está sendo replicada aqui em Belém, na Vila da Barca. O que vamos fazer no Pará e no Brasil inteiro tem origem em Manaus”, afirmou.

Referência Nacional e Internacional

A solução manauara, que hoje serve de referência nacional, é considerada por especialistas um modelo escalável para outros países tropicais que enfrentam desafios semelhantes, como ocupações ribeirinhas, cheias sazonais, déficit histórico de saneamento e desigualdade ambiental. A metodologia desenvolvida em Manaus assegura saúde pública, reduz a contaminação dos igarapés, fortalece a resiliência hídrica e oferece uma tarifa social acessível, elementos centrais nas discussões sobre financiamento climático e transição justa.

O Instituto Aegea, braço de investimento social da Aegea Saneamento, complementa essa estratégia ao integrar educação ambiental, inclusão produtiva, diversidade e proteção dos recursos hídricos. A iniciativa reforça os esforços de Manaus em ampliar a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que fortalece suas políticas ambientais e de governança urbana.

Com práticas comprovadas e impacto direto em populações vulneráveis, Manaus consolida sua posição como um case internacional de inovação climática, mostrando ao mundo que a Amazônia urbana pode liderar a construção de cidades mais humanas, resilientes e sustentáveis, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as metas da COP30.

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