PARÂMETRO - Escola de ensino médio em Itapajé (CE), a quarta melhor do Ideb em 2019: o índice deste ano é segredo - (Secretaria da Educação (Seduc)/Divulgação)

Junho de 2025 – Em discussão na Câmara dos Deputados, o novo Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2024-2034 deve incluir, pela primeira vez, metas específicas voltadas aos estudantes superdotados – um público historicamente ignorado pelas políticas públicas de educação especial no Brasil.

Apesar de protegidos pela Constituição, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e outras normas legais, 98,4% dos brasileiros com altas habilidades intelectuais seguem invisíveis para o poder público.

“Trata-se de um grande apagão político e educacional”, alerta Cadu Fonseca, presidente da Mensa Brasil, entidade que representa pessoas com alto QI e membro da Mensa Internacional, maior organização de superdotados do mundo.

 Subnotificação é grave e viola direitos fundamentais

Segundo Fonseca, apenas 44 mil estudantes com altas habilidades/superdotação (AHSD) foram identificados no Censo Escolar de 2024. O número é considerado irrisório frente às estimativas internacionais, que apontam que de 3% a 5% da população possui esse perfil.

“Hoje, apenas 1,6% dos superdotados estão incluídos nas políticas públicas. Isso não é um privilégio, é um direito. O atendimento educacional especializado para esse público é obrigação legal e moral do Estado brasileiro”, defende Fonseca.

Mais da metade dos municípios brasileiros sequer identificou um único aluno superdotado, o que revela não apenas negligência, mas também falta de estrutura, capacitação e políticas articuladas em nível nacional.

O que a Mensa propõe para o novo PNE

Durante audiência pública na Câmara, a Mensa Brasil apresentou um conjunto de metas claras e mensuráveis que devem constar no Plano Nacional de Educação 2024-2034. As principais propostas são:

  • Formação especializada de professores para identificar e atender alunos com AHSD;

  • Universalização das Salas de Recursos Multifuncionais em todo o país;

  • Rastreio Escolar Nacional para identificação precoce de altas habilidades;

  • Sistema Nacional de Dados Integrados, cruzando informações do Censo Escolar e do Cadastro Nacional de Superdotação;

  • Financiamento permanente e sustentável para as políticas de atendimento a esse público.

“A superdotação não é sinônimo de sucesso garantido. Sem acolhimento, esses jovens enfrentam dificuldades emocionais, sociais e até de aprendizagem”, reforça Fonseca.

Sobre a Mensa Brasil

Fundada em 2002, a Mensa Brasil é a afiliada nacional da Mensa Internacional, presente em mais de 90 países. A associação reúne pessoas com QI superior a 98% da população, comprovado por testes reconhecidos.

No Brasil, a entidade conta com mais de 3 mil membros ativos, entre adultos e crianças. Entre as iniciativas, destacam-se:

  •  Programa Jovens Brilhantes, de apoio a crianças superdotadas;

  • Concessão de bolsas e prêmios para projetos inovadores;

  •  Organização de eventos, como o Encontro Nacional, Encontros Regionais e a Copa Mensa Brasil de Xadrez;

  • Grupos de interesse e fóruns sobre temas como tecnologia, negócios, ciência e cultura geek.

A associação também apoia famílias, promove encontros para responsáveis e atua na conscientização sobre os desafios enfrentados por crianças com altas habilidades.

Sobre a Mensa Internacional

Criada no Reino Unido em 1946, a Mensa Internacional é a maior organização de altas habilidades do mundo. A palavra Mensa significa “mesa” em latim, simbolizando a ideia de igualdade intelectual, independente de raça, idade, credo ou classe social.

O que está em jogo: O novo Plano Nacional de Educação é a oportunidade histórica de corrigir décadas de omissão e dar visibilidade a milhares de crianças e jovens superdotados no Brasil. Garantir seus direitos é investir em inovação, liderança e no futuro do país.

Artigo anteriorHomem com extenso histórico criminal por tráfico de drogas é preso no interior do Amazonas
Próximo artigoCaprichoso celebra último Ensaio Show da Temporada 2025