A amazonense Duhigó, do povo Yepá Mahsã (Tukano) com a ministra Margareth Menezes

A artista visual amazonense Duhigó, do povo Yepá Mahsã (Tukano), foi reconhecida como uma guardiã do saber em sua área de atuação, as artes visuais, através do Prêmio Funarte Mestras e Mestres das Artes. A entrega do diploma de Duhigó aconteceu no início deste mês de julho, durante o Encontro Funarte Rede das Artes – da Retomada à Política Nacional das Artes, realizado no Rio de Janeiro, que contou com a presença da ministra Margareth Menezes, a presidenta da Funarte Maria Marighella e autoridades de universo cultural e artístico brasileiro.

O reconhecimento do Ministério da Cultura e da Funarte confirmam a ascensão de Duhigó como a primeira artista visual feminina e indígena do Amazonas a alcançar projeção nacional e internacional no mundo da arte contemporânea. Além de ter obras suas em acervos de grandes museus brasileiros, atualmente está com três quadros seus na maior e mais antiga bienal de arte do planeta, a “Bienal de Veneza”. As obras de Duhigó são pinturas que expressam a memória e a ancestralidade dos povos indígenas que formaram a Amazônia. A Bienal de Veneza iniciou em abril deste ano e vai até o mês de novembro, na Itália.

“Fiquei muito feliz em ser recebida pela Ministra da Cultura de nosso país e pela presidenta da Funarte, que são pessoas importantes, que me fizeram sentir o quanto meu trabalho, minhas memórias e minha cultura tem valor para o Governo, e que as culturas indígenas agora são respeitadas e valorizadas pelas pessoas. Eu nunca imaginei que pudesse chegar até aqui. Estou muito feliz de receber esse título de Mestra, sou uma mestra Tukano do Povo Yepá Mahsã, do Alto Rio Negro, Amazonas”, declara a artista.

“A cultura está em festa! Celebramos mais uma ação que já é uma das nossas marcas, a descentralização do acesso à produção artística. O Rede das Artes traz para a sociedade o direito à cultura por meio da circulação de ideias, promovendo encontros, interação e estimulando a diversidade cultural”, ressaltou a ministra da Cultura, Margareth Menezes que entregou em mãos, juntamente com a presidente da Funarte, Maria Marighella, o diploma de mestra das artes à Duhigó.

Para a presidenta da Funarte, Maria Marighella, o reconhecimento da vida e obra dos mestres e mestras é o primeiro passo para a preservação da memória das artes do Brasil. “Um dos primeiros atos da Funarte ao lançar esse prêmio é o de reconhecer a trajetória como patrimônio do povo brasileiro. São mestres reconhecidos, mas também premiados por sua contribuição de vida, de experiência pública. Cada mestra e cada mestre foram reconhecidos por sua comunidade, por sua obra. O prêmio contempla mestras e mestres de todas as unidades da federação, fazendo também recortes de raça, incorporando mestres e mestras negras, indígenas, de toda parte do Brasil, no primeiro reconhecimento à memória das artes, no reconhecimento da trajetória como dimensão da vida das artes. E a gente entende que esse é o primeiro mecanismo de um programa para a memória das artes.”, destacou.

O diretor da Manaus Amazônia Galeria de Arte, Carlysson Sena, representante da artista, acompanhou Duhigó no evento ocorrido no Rio de Janeiro, e declara que o reconhecimento aos mestres e mestras da arte no Brasil é algo que vai muito além de uma premiação. “Essa titulação está dentro de uma política da valorização e retomada da cultura brasileira e seus aparelhos culturais que foram paralisados nos últimos anos. A forma como o Ministério e a Funarte estão conduzindo essa retomada é fundamental para que todo o sistema da arte brasileiro, e no caso da Duhigó, o Prêmio Mestres e Mestras da arte, traz esse sentimento de motivação para seguir adiante. É um momento marcante na vida da Duhigó, que ao longo de 19 anos de carreira, recebe agora uma oficialização de sua produção cultural que traz toda uma ancestralidade e conhecimento imaterial muito próprio das culturas indígenas e que se materializa no trabalho da artista e neste título de Mestra”, disse Sena.

Encontro Funarte Rede das Artes – da Retomada à Política Nacional das Artes Lançado em 2023, o Rede das Redes é formado por um conjunto de cinco editais que estavam interrompidos. São iniciativas bem-sucedidas da história da Funarte, que permanecem vivas na memória coletiva. Seus nomes também celebram e homenageiam personalidades reconhecidas por suas trajetórias de dedicação às artes brasileiras: Carequinha, no Circo; Klauss Vianna, na Dança; Marcantonio Vilaça, nas Artes Visuais; Myriam Muniz, no Teatro; e Pixinguinha, na Música. Os editais criam 181 circuitos artísticos e vão viabilizar mais de 1.370 atividades artísticas, atravessando 353 cidades, em todas as capitais e unidades da federação. Como desdobramento do programa, também foi anunciada no evento a criação da Plataforma Funarte Rede das Artes, uma tecnologia virtual de integração entre agentes, espaços artísticos e o público.

Prêmio Funarte Mestras e Mestres das Artes

Além de Duhigó, outros artistas renomados brasileiros também foram contemplados com o título de mestres e mestras, como Edlamar Zanchettini (PR), ensaiadora circense, trapezista, equilibrista, mágica e acrobata de solo; Lia de Itamaracá (PE), compositora, cantora, pioneira na arte de puxar a ciranda; Robertinho Silva (RJ), baterista, percussionista e professor; Salloma Salomão (SP), músico, historiador, educador e artista; Teuda Bara (MG), atriz integrante do Grupo Galpão; Zé Diabo (BA), artista visual, ferreiro de orixás; Yara de Cunto (DF), bailarina, coreógrafa, atriz e pesquisadora. Ao todo foram 50 Mestres e Mestras reconhecidos nesta edição do Prêmio.

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