
O guitarrista e violonista Hélio Delmiro, um dos maiores nomes da música instrumental brasileira, faleceu na segunda-feira, 16, aos 78 anos, em sua casa, em Brasília, onde viviam seus três filhos. A informação foi confirmada por sua filha nas redes sociais. A causa da morte não foi divulgada, mas o músico era diabético e enfrentava problemas renais desde 2023, quando passou mal durante um show no Sesc Pompeia, em São Paulo. Desde então, realizava hemodiálise três vezes por semana.
Legado e trajetória
Nascido no Rio de Janeiro, em uma família de músicos, Hélio Delmiro iniciou sua trajetória artística ainda criança, ao ganhar um cavaquinho aos cinco anos. Na adolescência, encantado pela bossa nova, migrou para o violão e passou a integrar o grupo do maestro Moacyr Silva, com quem se apresentava em bailes.
Sua carreira ganhou força nos anos 1960, especialmente com a formação do conjunto 3-D, ao lado de nomes como Antônio Adolfo, Beth Carvalho e Eduardo Conde. Com sólida formação técnica e uma sonoridade que mesclava o erudito e o popular, Delmiro tornou-se um dos músicos mais requisitados dos estúdios e da cena jazzística nacional.
Parcerias marcantes
Delmiro gravou e se apresentou com grandes nomes da música brasileira e internacional, como Elis Regina, Tom Jobim, Milton Nascimento, Clara Nunes, Renato Russo, Arthur Verocai, Carlos Lyra, João Bosco, além da cantora de jazz Sarah Vaughan e o contrabaixista Charlie Haden.
Em 1974, participou da gravação do lendário álbum “Elis & Tom”, em Los Angeles. Trabalhou durante quatro anos com Milton Nascimento, participando de álbuns como Caçador de Mim e Milton ao Vivo, e de apresentações marcantes como a do Festival de Montreux.
Com Sarah Vaughan, gravou o disco “O Som Brasileiro” (1977), fortalecendo os laços entre o jazz norte-americano e a música brasileira.
Obra-prima instrumental
Em 1981, Hélio Delmiro lançou aquele que é considerado seu álbum mais emblemático: “Samambaia”, em parceria com o pianista César Camargo Mariano. O disco é celebrado como uma obra-prima da música instrumental brasileira, destacando-se pelo rigor técnico, lirismo e fusão entre o popular e o refinado.
Nos anos 1990, destacou-se também pela colaboração com o compositor e tecladista norte-americano Clare Fischer, com quem gravou, em 1999, o álbum “Symbiosis”, nos Estados Unidos.
Último trabalho e despedida
Seu último registro musical foi o álbum “Certas Coisas”, lançado em maio de 2025, em parceria com o cantor carioca Augusto Martins. A obra foi celebrada como uma homenagem viva à trajetória do músico.
“Uma honra infinita… Vá em paz, meu amigo”, escreveu Martins em uma postagem emocionada na noite de segunda-feira.
Com sua partida, a música brasileira perde uma de suas figuras mais talentosas, discretas e inovadoras. Hélio Delmiro deixa um legado de técnica, sensibilidade e genialidade, celebrado por gerações de músicos e amantes do jazz e da MPB.
Com informações de IstoÉ