Nova York — Pouco depois do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da 79ª Assembleia das Nações Unidas (ONU), nessa terça-feira (24/9), a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse ao Metrópoles que, além de consequências das mudanças climáticas, parte das queimadas que eclodiram no Brasil é decorrente de ação do que ela chamou de “negacionistas”.
“Os incêndios no Brasil é lógico que são consequências do desmatamento, das grandes secas, mas também podem ser parte de ações de negacionistas que não acreditam nas mudanças climáticas e tendem a provar, de uma forma ou de outro, que isso não existe”, disse ela.
A fala da ministra vai na linha do discurso de Lula, que também citou o negacionismo, ao dizer que ele “sucumbe ante as evidências do aquecimento global”
Lula diz não terceirizar responsabilidades
Era esperado que Lula fizesse menção aos eventos climáticos recentes no Brasil, em especial às enchentes no Rio Grande do Sul, no primeiro semestre de 2024, e o aumento das queimadas por todo o país e a seca severa na Amazônia, que vem sido registrada na segunda metade do ano.
Na fala, o petista lembrou do momento vivido pelo Brasil, e respondeu às cobranças, afirmando que seu governo “não terceiriza responsabilidades”, tampouco “abdica da sua soberania”. “Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais”, disse ele, que também citou a necessidade de combater os ilícitos ambientais.
“No sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais. Além de enfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental. Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime organizado”, disse o presidente.
Além de ministra do governo Lula, Guajajara também preside o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe (Filac).
Financiamento climático
Em reuniões à margem da ONU, a ministra se reuniu com um conjunto de financiadores para buscar uma coalizão que atue em projetos ambientais no Brasil, com foco em povos indígenas.
“A gente está falando de uma co-construção das soluções, onde se responsabiliza sociedade civil, governos, empresas, bancos. Todos precisam ter uma responsabilidade compartilhada nesse enfrentamento à crise climática que assola hoje o mundo inteiro”, disse ela.
A Conferência do Clima deste ano (COP29), que será realizada no Azerbaijão, tem como tema o financiamento climático. “Nós estamos aqui defendendo que seja um financiamento direto dos países desenvolvidos para que a gente possa fazer a gestão, além dos territórios, dos recursos que garantam ações e iniciativas sustentáveis que promovam esse combate a toda essa destruição do meio ambiente”. Com Metrópoles.