
Com a voz embargada e o olhar sereno, o Papa Francisco agradeceu, no último domingo de Páscoa (20), ao enfermeiro Massimiliano Strappetti: “Obrigado por me trazer de volta à praça.” A frase, dita pouco antes de subir no papamóvel e circular entre milhares de fiéis na Praça São Pedro, marcou um dos momentos mais emocionantes dos seus últimos dias de vida. Menos de 24 horas depois, o pontífice faleceu, aos 88 anos, vítima de um AVC e insuficiência cardíaca. As informações são da Folha de S.Paulo.
O gesto do papa foi carregado de simbolismo. Pela primeira vez desde que recebeu alta de uma internação prolongada, ele decidiu enfrentar as limitações impostas pela saúde frágil e voltar ao encontro direto com os fiéis — um movimento que só ocorreu após consultar o enfermeiro que o acompanhava constantemente. “Acha que consigo?”, perguntou Francisco, segundo relato do Vatican News. Diante da resposta positiva, ele embarcou no papamóvel, percorrendo a praça por cerca de 15 minutos, acenando e abençoando bebês trazidos por auxiliares.
A despedida emocionada aconteceu logo após a tradicional bênção “Urbi et Orbi”, e foi acompanhada por cerca de 35 mil pessoas que entoavam “Viva o papa!” enquanto ele passava lentamente pela multidão. Segundo o portal oficial do Vaticano, o pontífice parecia consciente da importância daquele momento — uma espécie de adeus silencioso e carinhoso ao povo que o acompanhou ao longo de mais de uma década de pontificado.
Depois do passeio, Francisco retornou à Casa Santa Marta, onde descansou e teve uma noite aparentemente tranquila. Porém, por volta das 5h30 da manhã seguinte (21), começou a apresentar sinais de mal-estar. Ainda segundo o Vatican News, o papa fez um último gesto de despedida com a mão para o enfermeiro Strappetti antes de entrar em coma. A morte foi confirmada às 7h35.
Nos relatos das pessoas que estavam ao seu lado, a morte foi serena e rápida. “Não sofreu, tudo aconteceu rapidamente”, disseram fontes do Vaticano. Discreto até o fim, o pontífice encerrou sua missão da mesma forma como conduziu seu pontificado: com coragem, ternura e profunda entrega à fé e ao povo.
Internado no início do ano por uma pneumonia que comprometeu ambos os pulmões, Francisco havia passado 38 dias no Hospital Gemelli. Embora sua saúde fosse motivo de preocupação constante, ele insistia em manter uma rotina ativa e recusava recomendações de repouso prolongado.
O funeral está marcado para sábado (26), e deve reunir fiéis do mundo inteiro, líderes religiosos e autoridades internacionais. Após a cerimônia, o conclave será convocado para eleger o novo Papa.