PCDs no TikTok: onde termina o entretenimento e começa a exploração?

O TikTok se tornou uma plataforma de compartilhamento de experiências de vida. Entre os usuários, pessoas com deficiência têm conquistado espaço e ampliado debates sobre inclusão e exploração.

Para alguns, a rede oferece oportunidades de expressão e empoderamento. Para outros, os riscos de exposição e estigmatização são motivo de preocupação — sobretudo após a polêmica envolvendo Hytalo Santos, que foi preso após expôr adolescentes a conteúdos sexualizados, levantando discussões sobre proteção digital.

Entre as pessoas com deficiência que acumulam milhares de seguidores na rede social estão Lívia Silveira, de 17 anos, de São Bernardo do Campo, em São Paulo, e Rayanne Ferreira, de 25 anos, de Itaperuna, interior do Rio de Janeiro. Lívia tem síndrome de Down e Rayanne foi diagnosticada com transtorno mental e intelectual e autismo ainda na infância.

Ambas têm mostrado suas rotinas e talentos nas redes sociais, mas os caminhos que levaram à fama digital são distintos. No caso de Lívia, o irmão Augusto, de 21 anos, é quem grava e edita os vídeos. O perfil de Augusto e Lívia já acumula quase 2 milhões de seguidores no TikTok.

O TikTok se tornou uma plataforma de compartilhamento de experiências de vida. Entre os usuários, pessoas com deficiência têm conquistado espaço e ampliado debates sobre inclusão e exploração.

Para alguns, a rede oferece oportunidades de expressão e empoderamento. Para outros, os riscos de exposição e estigmatização são motivo de preocupação — sobretudo após a polêmica envolvendo Hytalo Santos, que foi preso após expôr adolescentes a conteúdos sexualizados, levantando discussões sobre proteção digital.

Entre as pessoas com deficiência que acumulam milhares de seguidores na rede social estão Lívia Silveira, de 17 anos, de São Bernardo do Campo, em São Paulo, e Rayanne Ferreira, de 25 anos, de Itaperuna, interior do Rio de Janeiro. Lívia tem síndrome de Down e Rayanne foi diagnosticada com transtorno mental e intelectual e autismo ainda na infância.

Ambas têm mostrado suas rotinas e talentos nas redes sociais, mas os caminhos que levaram à fama digital são distintos. No caso de Lívia, o irmão Augusto, de 21 anos, é quem grava e edita os vídeos. O perfil de Augusto e Lívia já acumula quase 2 milhões de seguidores no TikTok.

A mãe de Rayanne, Érica Carvalho, compartilha uma perspectiva semelhante, mas com foco na rotina e desenvolvimento da filha. “O que começou como conscientização se tornou uma forma de mostrar a força de uma maternidade atípica. As redes sociais ajudaram a Rayanne a se conectar com pessoas do Brasil todo e a desenvolver habilidades importantes”, explica.

Rayanne, porém, acabou se tornando um “‘meme” nas redes sociais. Páginas utilizam vídeos da jovem para repercutir e ganhar visualizações e likes. Algumas pessoas usam o conteúdo de forma positiva, compartilhando momentos engraçados ou inspiradores de maneira respeitosa. Por outro lado, há quem use as imagens com piadas desrespeitosas.

Para a mãe da jovem, os memes não são um problema. “Amamos os memes e até repostamos alguns no perfil da Rayanne. Nossos fã-clubes são incríveis e sempre respeitosos. Quando surge algum conteúdo ofensivo, nossa assessoria entra em contato e solicita a retirada”.

Érica explica que Rayanne participa ativamente da criação do conteúdo. “Hoje ela mesma se grava e sempre me pede para registrar momentos do dia. Eu avalio tudo antes de postar, garantindo que ela esteja confortável e respeitando seus limites. É diferente de expor, que seria mostrar apenas para entretenimento sem cuidado”, garantiu.

Para a mãe, o resultado tem sido positivo. “A Rayanne ganhou confiança, melhorou a coordenação motora e a fala. As redes sociais têm sido uma terapia, mas também um espaço de aprendizado e interação com o mundo. Sempre buscamos preservar a dignidade dela”.

Riscos e benefícios

O psicólogo Edilson José Ferreira de Oliveira, do Grupo Mantevida, aponta que a participação de pessoas com deficiência em plataformas digitais pode impactar positivamente a autoestima e o senso de pertencimento. “Quando uma pessoa com deficiência percebe que tem um espaço de expressão, isso influencia na autorrealização e no sentimento de pertencimento. É também uma forma de empoderamento”.

Edilson alerta, porém, para os riscos de exploração, principalmente quando a pessoa apresenta disfunção cerebral ou deficiência neurológica: “É preciso cuidado com conteúdos que possam ser usados para sensacionalismo ou ridicularização. Comentários ofensivos podem prejudicar a autoestima, gerar inibição e prejudicar o desenvolvimento de comportamentos sociais. A integridade do indivíduo deve ser preservada”.

Por outro lado, a neuropsicóloga Ana Lúcia Azevedo chama atenção para os impactos da exposição excessiva. “Mesmo com consentimento, a repetida exposição de imagens e vídeos pode gerar ansiedade, sobrecarga emocional e confusão entre vida real e virtual. As redes sociais estimulam aprovação externa constante, o que pode afetar a percepção de autoestima de forma sutil, mas persistente”, afirma.

Ana Lúcia também aponta o risco de dependência do engajamento. “Quando o número de curtidas, comentários e seguidores se torna referência de valor pessoal, a pessoa passa a medir sua aceitação e sua autoestima pelo feedback de terceiros. Isso pode gerar frustração e até prejuízos no desenvolvimento social e emocional”, completa.

Com informações de Metrópoles

Artigo anteriorBilionário anti-imigração vence eleição parlamentar na Tchéquia
Próximo artigo6 novas minisséries da Netflix para assistir neste domingo