Canções gravadas pelo cantor Wesley Safadão fazem parte do catálogo do compositor Jujuba e agora viraram investimento (Crédito: Reprodução/Instagram)

A plataforma Hurst Capital transformou em investimentos os royalties de hits do sertanejo e forró interpretados por vozes como Wesley Safadão, Gusttavo Lima, Bruno e Marrone e Simone e Simaria. O procedimento já foi feito pela empresa com obras de outros artistas, como a dupla Maiara e Maraisa.

Royalties são as remunerações para quem tem direitos autorais sobre um item feitos após o uso daquele bem. No caso das músicas, são pagos royalties aos compositores após reproduções em streaming e execuções públicas. Intérpretes também tem direito ao pagamento caso suas versões sejam utilizadas.

O catálogo disponibilizado agora pertence ao compositor Jujuba, nome artístico de Juarez Pires de Moura Neto. As canções cujos royalties são agora investimento estão reunidas em uma playlist na plataforma de streaming Spoify neste link.

Jujuba é o criador de hits como “Solteiro Não Trai”, interpretada por Gustavo Mioto, “Que Pena Que Acabou”, por Gusttavo Lima, e “Você Beberia ou Não Beberia?”, por Zé Neto & Cristiano. Um dos seus últimos lançamentos foi a canção “Pega o Guanabara”, composta para a trilha sonora do filme “Motel Destino”, dirigido por Karim Aïnouz.

Como investir

Quem deseja investir, precisa fazer um aporte mínimo de R$ 10 mil para comprar parte dos royalties a serem recebidos por Jujuba. O investidor passa então a receber mensalmente parcelas proporcionais ao valor investido, desde que o ativo gere pagamento de royalties.

É possível também revender ou comprar frações menores do investimento no mercado secundário. Interessados podem ingressar no investimento pelo mercado primário pelo tempo em que houver cotas disponíveis, ou posteriormente pelo mercado secundário.

Para o artista, a principal vantagem é a antecipação de caixa para investir em outros produtos financeiros ou em novos projetos. O valor pago pelo catálogo de Jujuba não foi divulgado.

A venda dos royalties pelo compositor pode ser definitiva ou por um período pré-determinado. No caso de Jujuba, a operação tem um prazo de 360 meses.

Tokenização

A Hurst Capital utiliza a tecnologia blockchain, a mesma utilizada em criptomoedas como o bitcoin, para tokenizar os royalties musicais. Em outras palavras, eles se tornam tokens, ou seja, viram itens portadores de um certificado digital e podem ser vendidos dentro da plataforma da empresa.

É a tokenização que possibilita também um mercado secundário para revender os royalties dentro da própria plataforma da Hurst. O processo torna possível inclusive vender frações menores do investimento de R$ 10 mil, pelo valor acordado por quem realizar a venda.

A empresa também transforma em tokens comercializáveis outros produtos de investimento como ativos judiciais, imobiliários e crédito empresarial.

Retorno e riscos

A Hurst Capital projeta que os ganhos com o catálogo de Jujuba serão na faixa de 19,81% ao ano. Segundo Arthur Farache, CEO da Hurst Capital, as composições de Jujuba possuem um histórico estável e uma consolidada base de fãs, garantindo um fluxo constante de royalties e receitas de streaming.

Segundo a Hurst Capital, duas operações já encerradas do compositor Cecílio Nena – criador de sucessos sertanejos como “Temporal do Amor” e “Anarriê”, gravadas por Leandro e Leonardo – tiveram retornos de 32,80% ao ano e 33,84%. O retorno de procedimentos passadas, no entanto, não garante ganhos nos novos.

“O principal risco é a quantidade de reproduções das músicas ser menor que o esperado, impactando a receita”, afirma Ana Gabriela Mathias, COO da MUV, empresa de investimento em royalties de música e cinema que integra o ecossistema da Hurst Capital.

A advogada Daniela Poli Vlavianos, sócia do escritório Poli Advogados & Associados, destaca que o mercado de música tem alto risco, por ser extremamente imprevisível e volátil. “O valor dos royalties pode flutuar consideravelmente com as mudanças nas tendências, o sucesso de artistas e músicas específicas, e as evoluções tecnológicas.”

A queda de popularidade de um artista pode assim ter impacto direto sobre os ganhos, assim como o surgimento de inovações tecnológicas que mudem o modo de consumo de música. Sair do investimento também é difícil, já que a única maneira seria revender o token comprado no mercado secundário.

O investimento pode ainda sofrer impactos por conta dos diversos agentes envolvidos no pagamento dos royalties, como gestores de direitos, distribuidores e plataformas de streaming. “Problemas operacionais, financeiros ou legais enfrentados por esses intermediários podem impactar negativamente os rendimentos dos royalties”, diz Vlavianos.

Alterações na legislação de direitos autorais são outro risco, assim como mudanças em outras regulamentações relacionadas ao consumo de música e distribuição de royalties. Por fim, há o perigo da obra se ver envolvida em litígios que questionem os direitos autorais.

Outros artistas já venderam catálogo a plataforma

A primeira operação de investimentos em royalties musicais promovida pela Hurst Capital foi com as músicas do pianista e compositor João Luiz de Avellar, em 2020. Apenas em 2024, outros cinco catálogos entraram para a plataforma de negociações de ativos.

Neste ano, o primeiro negócio envolveu o empresário Boni, nome célebre da Rede Globo. O portfólio vendido por ele incluía a música tema do Fantástico e outros sucessos na emissora. O valor arrecado com a venda foi de R$ 860 mil.

Em parceria com a empresa estadunidense ANote Music, a Hurst Capital também disponibilizou um catálogo internacional que incluia músicas gravadas por Beyoncé e Justin Bieber. O octogenário Moacyr Franco, o compositor de piseiro Kadu Martins e a dupla Maiara e Maraisa completam as operações feitas em 2024.

Com informações de ISTOÉ 

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