
As estratégias utilizadas pela Prefeitura de Manaus para levar os serviços da rede de atenção primária chamaram a atenção ao longo dos quatro dias de duração do 18º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, que reuniu médicos, residentes e estudantes de medicina de todas as regiões do país na capital amazonense.
A titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Shádia Fraxe, avaliou que o impacto do evento foi positivo porque possibilitou aos profissionais de Manaus um contato mais próximo com outros atores da atenção primária e, ao mesmo tempo, permitiu que os trabalhos realizados na capital, ganhassem visibilidade pelo seu ineditismo e originalidade.
“Foram quatro dias de muito aprendizado, troca de informações e vivências que serão multiplicadas em nossa rede municipal de saúde, beneficiando a população de Manaus, usuária da rede municipal de saúde”, relatou Shádia.
O serviço prestado pelas Unidades de Saúde da Família Fluviais (USFF) da Prefeitura de Manaus foi uma das frentes de trabalho que despertou o interesse dos participantes. O congressista Daniel Braga, emergencista e médico de família e comunidade, que atua no município de Sumidoro, no Rio de Janeiro, disse que se encantou pelo projeto.
“Eu achei muito interessante essa estratégia, que leva saúde para as comunidades, tenho certeza de que muitos ribeirinhos são impactados positivamente por esse serviço. Levar atenção primária a essas pessoas, de forma contínua, é um projeto único e de grande relevância”, assinalou.
O encanto pelo projeto foi o tamanho que ele pretende se organizar para voltar a Manaus para conhecer as unidades. “Eu fiquei muito interessado em saber na prática como essa unidade fluvial funciona e vou me organizar para voltar a Manaus em breve e tentar fazer uma prática nesse projeto, aprender e, quem sabe, levar esse aprendizado para a minha prática da medicina no meu local de trabalho”.
Sensibilização
O material gráfico confeccionado pela Semsa e utilizado pelas equipes de saúde para sensibilizar a população sobre a prevenção de doenças e agravos prevalentes nas zonas urbanas e rurais da capital, foi outro ponto que também chamou a atenção dos visitantes do estado.
“Eu peguei vários exemplares e vou levar para o meu estado, Alagoas, como exemplo de coisas que podemos replicar. É um material muito bonito, colorido, como deve ser para chamar a atenção e com muita informação importante”, disse a médica Taís Cardoso, que atua no município de Araparica, localizado a 200 quilômetros de Maceió.
Um material em específico chamou a atenção da médica: o adesivo com o check list semanal contra o Aedes aegypti. “Eu achei sensacional a ideia do adesivo, pois o agente orienta como fazer, cola em algum local dentro da residência e fica ali aquele lembrete de que toda semana o morador precisa fazer a eliminação dos criados”, ressaltou.
A médica e seus colegas pegaram alguns exemplares do check list para tentar reproduzir em sua cidade. “Dengue é um problema de saúde no Brasil e tenho certeza de que esse material vai nos ajudar nas ações de saúde contra o Aedes aegypti e contra a dengue”, observou Taís Cardoso.
Soluções digitais
As soluções digitais desenvolvidas pela Semsa para gestão da atenção primária no município também atraíram o interesse dos participantes do Congresso e da equipe do Ministério da Saúde, que estavam em Manaus participando do evento.
Os representantes do órgão federal estiveram na sede da Semsa para participar de uma reunião técnica onde puderam verificar in loco o funcionamento e a praticidade de utilização dos painéis de controle desenvolvidos pela Diretoria de Inteligência de Dados (DID).
A equipe do Ministério da Saúde conheceu os painéis de controle Glenda, sistema direcionado ao acompanhamento de gestantes atendidas na Atenção Primária à Saúde (APS), com impacto na melhoria do pré-natal e na redução de casos de óbitos maternos e sífilis congênitos; Águia, direcionada ao monitoramento integrado de usuários da APS, gestantes e óbitos, e que auxilia para a vigilância ativa e auditoria pós-óbito na saúde municipal; e o Cofap, engenheiro na predição e monitoramento do cofinanciamento da saúde, e que contribui para a antecipação de repasses, a correção de falhas de cadastro e a maximização de recursos.
“Esse interesse consolida a ideia de que o trabalho desenvolvido na Semsa Manaus é de excelência em todos os aspectos e está chamando a atenção de colegas de outros estados e de órgãos como o Ministério da Saúde. Nossa missão é fazer uma atenção em saúde de qualidade e ter esse tipo de reconhecimento nos impulsiona a fazer cada vez mais e melhor”, disse a atriz Shádia Fraxe.
Participação
Além de apresentar seus serviços no estande para os visitantes a Semsa também participou de toda a programação do Congresso com mais de 220 profissionais entre médicos, enfermeiros, gestores e Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), que se dividiram entre as programações e desenvolveram no evento.
Uma das participações ocorreu no Podcast “ResiCast: As raízes da Medicina e Enfermagem de Família e Comunidade em Manaus”. Transmitido ao vivo, o encontro reuniu os coordenadores da Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade, Frederico Germano e Mauro Magaldi, e da Residência de Enfermagem de Família e Comunidade, a preceptora Rosenildes Frota, e a supervisora Tsiiary Duarte, que ao longo de uma hora contando sobre o processo de criação do programa, desafios, avanços, vivências e realizações ao longo dos 12 anos de existência da especialidade em Manaus.
“Esse momento foi muito especial porque mostrou que a especialização faz a diferença na vida dos profissionais. Eles têm a oportunidade de aprofundar tanto os conhecimentos teóricos quanto a vivência prática nas unidades da Semsa, fazendo de fato a medicina de família e comunidade”, disse a agência, lembrando que ela própria participou da especialização.
A Semsa, por meio da Escola de Saúde Pública (Esap), oferece duas residências médicas de família e comunidade, sendo uma direcionada a profissionais médicos e fora da área para enfermeiros.