Policiais prendem um homem durante toque de recolher em Los Angeles Foto: RINGO CHIU / AFP

LOS ANGELES (EUA) – Cidades em diversos pontos dos Estados Unidos se preparam para uma nova onda de protestos nesta quarta-feira (11), em reação às operações anti-imigração promovidas pelo governo do presidente Donald Trump. A mobilização ocorre em meio à escalada de tensão em Los Angeles, onde áreas centrais estão sob toque de recolher noturno, após episódios de violência e saques registrados desde o fim de semana.

Manifestações já ocorreram em Nova York, Atlanta e Chicago, onde grupos de manifestantes enfrentaram forças policiais e exigiram o fim do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), responsável por batidas que resultaram na prisão de centenas de imigrantes em situação irregular desde sexta-feira (7).

Na Califórnia, o confronto entre autoridades locais e a Casa Branca se intensificou. O governador Gavin Newsom (Partido Democrata) acusou Trump de agravar a situação ao ordenar o envio de tropas federais à região de Los Angeles, mesmo após as forças policiais locais alegarem ter os protestos sob controle. “Foi um movimento calculado para inflamar ainda mais os ânimos”, declarou o governador em pronunciamento transmitido na noite de terça-feira (10).

Segundo a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, as manifestações vinham sendo majoritariamente pacíficas e limitadas a poucas ruas da cidade. No entanto, após uma onda de saques atingir 23 estabelecimentos comerciais no centro da cidade, um toque de recolher foi decretado em uma área de 2,5 km².

O envio de 4 mil soldados da Guarda Nacional e de aproximadamente 700 fuzileiros navais foi autorizado por Trump para proteger prédios e agentes federais. Nenhum dos militares foi visto em patrulhas nas ruas até o momento; eles aguardam deslocamento em instalações próximas, como em Seal Beach, a 50 km da cidade.

Em resposta à militarização, o estado da Califórnia ingressou com uma ação judicial para bloquear o envio das tropas. “A Califórnia pode ser o primeiro alvo, mas não será o último. O que está em jogo é a democracia”, advertiu Newsom, que também criticou as ações do ICE, classificando-as como “deportações em massa que traumatizam famílias trabalhadoras”.

O ICE confirmou a detenção de cerca de 300 imigrantes nos últimos dias e afirmou que as operações continuarão, apesar dos protestos e da pressão política.

Enquanto isso, no Texas, o governador Greg Abbott (Partido Republicano) declarou que mobilizará a Guarda Nacional para conter manifestações previstas no estado. Em Austin, agentes usaram gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes na segunda-feira (9).

Em discurso na base de Fort Bragg, na Carolina do Norte, Trump defendeu sua postura, afirmando que o país vive “um ataque à paz e à ordem pública” e prometeu “libertar Los Angeles”. “Não permitiremos que nosso país seja destruído pela ilegalidade e pelas bandeiras estrangeiras nas ruas americanas”, disse, em alusão a manifestações que exibiram bandeiras do México.

O presidente ainda ameaçou invocar a Lei da Insurreição – medida extrema que permite o uso das Forças Armadas contra rebeliões internas. Por ora, a legalidade do envio das tropas se apoia no Título 10 do Código dos EUA, que regulamenta o uso das Forças Armadas federais em território nacional.

A crise expõe mais uma vez a profunda divisão política e institucional entre o governo federal e os estados liderados por democratas, com implicações diretas sobre políticas migratórias, direitos civis e uso de força militar em solo americano.

Com informações de IstoÉ

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