
No início do ano, a reforma ministerial era vista como uma estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ampliar o espaço do Centrão no governo e consolidar apoio no Congresso. No entanto, passados cinco meses da posse da nova legislatura e a apenas oito meses do prazo de desincompatibilização para as eleições municipais de 2026, a expectativa por novos espaços na Esplanada praticamente se dissolveu.
De acordo com um deputado do PSD, partido liderado por Gilberto Kassab, não há mais movimentação para ampliar o espaço no governo. A legenda, que hoje comanda apenas o Ministério da Pesca, havia almejado mais cargos, sobretudo para a bancada da Câmara. “Não é um desembarque, porque ninguém quer perder o que já tem. Mas também não vejo mais os partidos querendo ampliar seus espaços”, afirmou o parlamentar.
Enquanto isso, líderes de outros partidos sinalizam certo desconforto, mas sem ruptura. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente da federação União Brasil–PP, chegou a defender a saída dos ministros do partido do governo, mas o PP continua mantendo seus três ministérios. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (PP-AP), garantiu recentemente a nomeação de um aliado para a Codevasf, mostrando que ainda há espaço para negociações pontuais.
Reformas tímidas e crises internas
As mudanças promovidas por Lula até agora foram mais reativas do que estratégicas. Alterações ocorreram principalmente no núcleo do Palácio do Planalto, como a ida de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, substituindo Alexandre Padilha, que assumiu o Ministério da Saúde após a saída de Nísia Trindade.
Outras trocas resultaram de crises e denúncias:
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Silvio Almeida (Direitos Humanos) saiu após acusações de importunação sexual contra a ministra Anielle Franco;
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Juscelino Filho (Comunicações) deixou o cargo em meio a investigações por desvio de verbas;
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Carlos Lupi (Previdência) caiu após denúncias de fraude no INSS;
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Cida Gonçalves (Mulheres) foi exonerada mesmo após a Comissão de Ética arquivar acusações de assédio.
Boulos no Planalto ainda indefinido
A indecisão de Lula também tem causado frustração no PSol. A possível ida do deputado Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Marcio Macêdo, ainda não foi confirmada. A nomeação implicaria na desistência de sua reeleição à Câmara e afetaria o desempenho eleitoral da sigla em São Paulo, onde Boulos é o principal puxador de votos.
Ainda assim, a possível entrada no Executivo é vista como um passo estratégico para viabilizar uma candidatura de Boulos à Prefeitura de São Paulo em 2028, com apoio do presidente. Segundo parlamentares do PSol, o assunto não está sendo tratado formalmente e a decisão foi deixada a cargo do próprio deputado: “A bola está com o governo”.
Com informações de PlatôBR