Aqui estão algumas ideias anotadas por mim no Curso de Formação para as Causas Indígenas: Povos Originários e Territorialidade, promovido pelo Serviço Amazônico de Ação Reflexão e Educação Socioambiental (Sares) e ministrado pelo Professor Dr. Padre Justino Sarmento Rezende, do povo Tuyuka, sábado (21.09.2024), no Auditório Espaço Loyola – Rua Leonardo Malcher / Centro – Manaus-Am.
1.“Origem dos povos (basoka wametire): povos do vento, povos do sol, povos do trovão, povos das árvores, povos dos animais, povos das frutas, povos das águas, povos dos minerais, povos dos pássaros, povos do dia, da noite…”. Embora sendo muitos, possuindo origem, língua, costumes e tradições diferentes, os povos indígenas vivem todos no círculo da vida, juntos e dependentes uns dos outros, tecendo o mesmo destino comum, um não é menos importante que o outro, vivendo a verdadeira fraternidade. 2.“Localização de moradias (basoka nire makari): na beira do igarapé, na cidade, no centro da floresta, perto da cachoeira, no sítio, no campo, nas serras, na roça, na beira das estradas…”. Ficou evidenciado neste tópico que os povos indígenas são muitos e que estão em todos os lugares, eles existem e resistem. No entanto, é preciso que eles sejam ouvidos, consultados e que não tenham os seus direitos negligenciados. É importante também que o indígena tenha as mesmas oportunidades que o não indígena. Enfim, que o indígena conheça ou reconheça a sua origem étnica e que participe das organizações e associações, assim a luta e a resistência será maior e a vitória será certa.
3.“Ameaças e mortes (basokare siãre): contaminação das águas, desmatamento, garimpo, invasão de terras, narcotráfico, assassinatos de lideranças, exploração ilegal de recursos naturais…”. Os povos indígenas são os primeiros defensores da natureza, da ecologia integral. Conhecem as plantas, as árvores, as raízes, os rios, o espírito da floresta, vivem uma ligação estreita e mística com a Natureza. Por que toda essa perseguição contra os indígenas? Por que eles não conseguem viver em paz? Será apenas ganância e cobiça ou existem outros interesses por trás de tudo isso?
4.“A terra para o povo indígena não é só um pedaço de chão, é a memoria afetiva de nossa ancestralidade”. A crise ambiental que vivemos atualmente tem por base uma concepção antropocêntrica da vida que favorece uma visão utilitarista do ser humano enquanto insaciável, sem limites e independente.
5.“O território pequeno não é suficiente para os povos indígenas. O território grande é melhor porque podem escolher onde quer ficar”. O homem branco, o não indígena, não aceita o modo de vida dos povos originários e vive questionando a forma como esses povos se relacionam com a terra. De forma pejorativa e preconceituosa chegam a dizer: “Índio não precisa de muita terra!”. É preciso dá um basta nesse preconceito!
6.“Todos vocês são meus parentes! Estou grato pela oportunidade de dar-lhes meu reconhecimento e agradecimento, a vocês, neste curso”. Todos nós que habitamos este Planeta devemos defender a Casa Comum porque, como diz o Papa Francisco, “as dores e as alegrias são de todos”. Quem acha que destruindo a natureza está ganhando alguma coisa está muito enganado, todos perdem, principalmente os mais humildes, os pobres, as crianças e os idosos. Tudo o mais é ilusão e mentira!
Luís Lemos é professor, filósofo e escritor, autor, entre outras obras de: “Filhos da quarentena” e “Amores que transformam”.
Instagram: @luislemosescritor