
Uma em cada dez pessoas no Brasil já recebeu diagnóstico de depressão, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). No mundo, mais de 300 milhões convivem com o transtorno. Mas, por trás das estatísticas, estão histórias silenciosas, dores antigas e traumas não elaborados — e é justamente nesse ponto que a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG) busca atuar, propondo uma abordagem emocional mais profunda e integrativa.
Desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), a metodologia tem como foco reprocessar experiências marcantes do paciente desde a infância, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio neurológico e emocional. Para o psicólogo Jair Soares, fundador do IBFT, “a depressão, na maioria das vezes, não é apenas um desequilíbrio químico, mas um mecanismo do corpo para interromper dores emocionais repetitivas que não foram compreendidas”.
Depressão nem sempre é visível
Ao contrário do que se imagina, a depressão não se apresenta sempre de forma dramática. Pode estar disfarçada em sorrisos automáticos, na produtividade excessiva, em irritabilidade constante ou no esvaziamento afetivo. “Muitos pacientes chegam sem perceber que estão sofrendo. Continuam em suas rotinas, mas emocionalmente ausentes. O corpo vai, mas a presença verdadeira desaparece”, destaca Soares.
A TRG propõe uma escuta diferenciada do sintoma, interpretando-o como linguagem do inconsciente. “Quando as causas não falam, o inconsciente reage através dos sintomas”, afirma o psicólogo.
Proposta vai além do alívio dos sintomas
Diferentemente de terapias convencionais ou do uso isolado de medicação, a Terapia de Reprocessamento Generativo pretende ir à origem da dor emocional. “Não trabalhamos com o conceito de ressignificação, mas de reprocessamento. Quando isso é feito de forma segura e técnica, o que antes era gatilho vira apenas lembrança. A dor que paralisa hoje costuma estar enraizada no passado”, explica.
Segundo o especialista, a prática clínica mostra que, conforme o paciente avança no processo terapêutico e recupera o equilíbrio emocional, muitos médicos observam melhora significativa e decidem, de forma responsável, pela redução ou suspensão de medicamentos. “Não incentivamos a interrupção por conta própria, mas percebemos uma mudança consistente quando a causa começa a ser tratada de fato”, complementa.
Além dos rótulos
Para Soares, a depressão muitas vezes recebe nomes diferentes — como distimia, burnout ou episódio depressivo —, mas carrega o mesmo chamado interno: algo precisa ser compreendido, acolhido e tratado com profundidade. “A depressão não avisa quando chega. Às vezes, só percebemos quando já estamos no fundo. Antes disso, os sinais são ignorados: o sono que some, o desejo que desaparece, os laços que se enfraquecem”, alerta.
Com informações de Alto Astral