
O Google enfrenta uma investigação antitruste da UE (União Europeia) pelo uso de conteúdo online no YouTube para treinar seus modelos de inteligência artificial.
A segunda investigação da Comissão Europeia contra o Google em menos de um mês ressalta a crescente preocupação com o domínio das big techs devido ao surgimento de novas tecnologias que podem excluir concorrentes.
Por outro lado, a investigação pode aumentar as tensões com os Estados Unidos, já que as leis da UE adotadas nos últimos anos se tornaram um ponto sensível nas relações com Washington.
A autoridade de concorrência da União Europeia afirmou estar preocupada com o fato de o Google poder estar usando conteúdo online para seus resumos gerados por IA, conhecidos como AI Overviews, sem compensar os usuários adequadamente ou lhes dar a opção de recusar o uso dos dados.
“O Google pode estar abusando de sua posição dominante como mecanismo de busca para impor condições comerciais desleais, usando seu conteúdo online para fornecer seus próprios serviços baseados em inteligência artificial”, disse a chefe antitruste da UE, Teresa Ribera, nesta terça-feira (9).
“Um ecossistema de informação saudável depende de os usuários terem recursos para produzir conteúdo de qualidade. Não permitiremos que intermediários ditem essas escolhas”, acrescentou.
O Google rejeitou a queixa apresentada pelos criadores de conteúdo independentes em julho, que desencadeou a investigação da UE.
“Esta queixa apresenta o risco de sufocar a inovação em um mercado mais competitivo do que nunca”, disse um porta-voz do Google.
“Os europeus merecem se beneficiar das tecnologias mais recentes e continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com as indústrias de notícias e de entretenimento na transição para a era da IA.”
A Independent Publishers Alliance e o Movement for an Open Web, cujos membros incluem anunciantes e criadores digitais, e a organização britânica sem fins lucrativos Foxglove criticaram o Google.
“O Google quebrou o acordo que sustenta a internet. O acordo era que os sites seriam indexados, recuperados e exibidos quando relevantes para uma consulta. Todos tinham uma chance”, disse o advogado Tim Cowen, que assessora os grupos.
“Agora, coloca seu AiO, Gemini, em primeiro lugar e, para piorar a situação, explora o conteúdo dos sites para treinar o Gemini. O Gemini é o gêmeo maligno da busca”, acrescentou Cowen.
Os AI Overviews são resumos gerados por inteligência artificial que aparecem acima dos hiperlinks tradicionais para páginas da web relevantes e são exibidos para usuários em mais de 100 países. O Google começou a adicionar anúncios aos AI Overviews em maio passado.
A política anti-spam do Google também está na mira da UE após uma investigação iniciada pelos criadores de conteúdo. A empresa corre o risco de uma multa de até 10% de sua receita anual global se for considerada culpada de violar as regras antitruste da UE.
Na semana passada, a Comissão Europeia iniciou uma investigação sobre os planos da Meta de bloquear concorrentes de IA em seu sistema de mensagens WhatsApp, ressaltando o crescente escrutínio regulatório.
Com informações de CNN Brasil.










