Tarifas de Trump acirra guerra comercial - AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo, nesta terça-feira (22), suas projeções de crescimento para os Estados Unidos, China e a maioria das demais economias, atribuindo a decisão ao impacto das tarifas comerciais norte-americanas — atualmente nos níveis mais elevados em um século. A instituição alertou que o agravamento das tensões comerciais poderá enfraquecer ainda mais o desempenho econômico global.

A revisão consta de uma atualização do relatório Perspectiva Econômica Global, divulgada apenas dez dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a imposição de tarifas abrangentes sobre quase todos os parceiros comerciais, além da elevação de taxas já existentes — ainda suspensas — contra diversos países.

O FMI reduziu sua estimativa para o crescimento global em 2025 em 0,5 ponto percentual, situando-a em 2,8%. Para 2026, a projeção foi ajustada para 3%, o que representa uma redução de 0,3 ponto percentual em relação ao relatório de janeiro.

A organização também indicou que a inflação deve recuar mais lentamente do que se previa anteriormente, devido à influência das tarifas, com projeções de 4,3% para 2025 e 3,6% para 2026. Houve revisões significativas de alta, especialmente para os Estados Unidos e outras economias avançadas.

O documento foi classificado pelo próprio FMI como uma “previsão de referência”, baseada nas informações disponíveis até 4 de abril, considerando o contexto altamente instável e de grande complexidade atual.

Para o Brasil, a nova projeção aponta crescimento de 2% em 2025, após uma expansão de 3,4% registrada em 2024.

Veja as projeções para o PIB dos países

Projeções do FMI para o PIB dos países em 2025

A instituição ressaltou que a intensificação acelerada das disputas comerciais e os “níveis extremamente elevados” de incerteza quanto às diretrizes políticas futuras tendem a exercer impactos relevantes sobre a atividade econômica mundial.

“É algo de grande magnitude e está afetando todas as regiões do globo. Observa-se uma desaceleração nos Estados Unidos, na zona do euro, na China e em outras partes do mundo”, afirmou Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI.

América do Norte: EUA, Canadá e México

A previsão de crescimento para os Estados Unidos em 2025 foi reduzida em 0,9 ponto percentual, situando-se agora em 1,8% — um ponto percentual abaixo do crescimento de 2,8% verificado em 2024. Para 2026, a estimativa caiu para 1,7%, com recuo de 0,4 ponto percentual, em virtude de incertezas políticas e disputas comerciais.

Gourinchas declarou à imprensa que, embora o FMI não preveja uma recessão nos EUA, a probabilidade de retração aumentou de 25% para 37%. A expectativa atual é de que a inflação no país atinja 3% em 2025, um ponto percentual acima da estimativa anterior, reflexo das tarifas e da resiliência do setor de serviços.

Canadá e México, também afetados pelas tarifas impostas pelo governo Trump, tiveram suas projeções revisadas negativamente. Para o Canadá, espera-se um crescimento de 1,4% em 2025 e de 1,6% em 2026 — ante os 2% anteriormente previstos para ambos os anos. Já para o México, o FMI projeta uma retração de 0,3% em 2025, o que representa uma queda expressiva de 1,7 ponto percentual em relação às estimativas de janeiro. Para 2026, o crescimento projetado é de 1,4%.

Europa e Ásia

Na zona do euro, o crescimento deverá se limitar a 0,8% em 2025 e alcançar 1,2% em 2026, com ambas as projeções reduzidas em 0,2 ponto percentual em relação ao relatório anterior.

Projeções do FMI (Crédito:Divulgação)

Com informações de IstoÉ

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